Em artigo no Washington Post, Eugene Robinson [12/8/05] critica a diferença de tratamento que a TV americana dedica a casos de mulheres desaparecidas brancas e negras. Ele afirma que há uma verdadeira obsessão da mídia e do público pelos misteriosos desaparecimentos de jovens e fotogênicas mulheres brancas. Quando as desaparecidas são negras, entretanto, não se vê o mesmo empenho.
Ele dá como exemplo dois casos recentes nos EUA: a cobertura feita pela âncora Greta Van Susteren, da Fox News, sobre o sumiço da jovem holandesa Natalee Holloway em Aruba. Ninguém sabe o que aconteceu, a polícia local não tem pistas, mas Greta praticamente se mudou para Aruba para acompanhar o caso – o que lhe rendeu seu melhor índice de audiência até agora.
Robinson compara o caso da loira Natalee com o da negra Latoyia Figueroa, de 24 anos, grávida, que desapareceu na Filadélfia. O caso de Latoyia estava sendo praticamente ignorado pela mídia, até ela ser importunada por um blogueiro atento. A chamada de atenção fez com que os canais de TV a cabo dedicassem alguns poucos dias ao sumiço de Latoyia, para logo depois voltarem para Aruba.
‘Me disseram que a cobertura da história de Natalee se baseia no fato de que o contexto – uma jovem e linda filha desaparece numa excursão escolar ao Caribe – é ‘o pesadelo de qualquer pai’. Mas o desaparecimento de Latoyia Figueroa não seria ‘o pesadelo de qualquer pai negro ou latino’? Seria diferente se ela fosse rica?’, questiona o jornalista.