Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Elvira Lobato

‘A empresa de telefonia fixa Brasil Telecom, controlada pelo grupo Opportunity, anunciou a compra de 63% do capital total do provedor de acesso gratuito à internet iG (Internet Group) por US$ 100,75 milhões. O negócio ainda terá que ser formalizado.

A operadora já possuía 9,45% das ações do iG. Com a aquisição anunciada ontem, sua participação no capital da empresa passa para 72,45%. O restante das ações ficará com o Opportunity, que, segundo informações de especialistas do mercado, dividirá o controle acionário do provedor com a Brasil Telecom. Cada um terá metade das ações com direito a voto.

De acordo com a nota divulgada pela Brasil Telecom para anunciar o negócio ao mercado de capitais, os US$ 100,75 milhões pagos por 63% do capital implicam que 100% das ações do iG valeriam US$ 137,7 milhões.

O iG Brasil é controlado societariamente por uma empresa registrada nas ilhas Cayman, de nome iG Cayman, pertencente a alguns acionistas controladores da Telemar: GP Investimentos, Andrade Gutierrez Telecomunicações e grupo La Fonte (Jereissati). O Opportunity, que controla a Brasil Telecom, também é acionista da empresa em Cayman.

Todos os acionistas da empresa de Cayman, à exceção do Opportunity, venderam suas participações para a Brasil Telecom.

A Telemar -que participa do iG Cayman por intermédio de uma subsidiária, Digital Network Investiments, também registrada naquele paraíso fiscal- está entre os acionistas que deixam o iG.

A Telemar anunciou ontem à noite que aceitou vender sua participação de 17,6% do capital do iG à Brasil Telecom pelo preço equivalente a US$ 17,5 milhões.

A compra do iG pela Brasil Telecom vinha sendo discutida desde dezembro do ano passado, quando o conselho de administração da tele a autorizou a oferecer até US$ 160 milhões pelo provedor gratuito. A compra era tratada internamente pela Brasil Telecom pelo nome de ‘Operação Tupi’.

O iG Cayman tem 99,99998% do capital da empresa no Brasil, e sabe-se que o Opportunity e o grupo GP Investimentos têm o controle das ações que dão direito a voto. A Brasil Telecom e a Telemar são acionistas do iG por vias distintas. Enquanto a Telemar participa diretamente da empresa de Cayman, a Brasil Telecom tem participação indireta, ao lado do Opportunity, por meio da empresa Nova Tarrafa Participações.

Com a venda da participação no iG para a concorrente Brasil Telecom, a Telemar informa, extra-oficialmente, que estuda a opção de criar um provedor próprio de acesso gratuito à internet ou adquirir um provedor já existente.’



Mirelle de França

‘Brasil Telecom será a nova controladora do IG’, copyright O Globo, 19/05/04

‘A Brasil Telecom (BrT) será a nova controladora do provedor de acesso à internet IG, com 72,45%. Antes, a participação da operadora de telefonia no negócio era de 9,45%. Na operação, a companhia adquiriu 63% do portal, por US$ 100 milhões. Entre os sócios que venderam sua fatia está a Telemar, que detinha 17,6% do negócio e vai receber US$ 17,5 milhões.

A operação chama a atenção pelo fato de o controlador da BrT ser a empresa de gestão de recursos Opportunity, que pertence a Daniel Dantas, que também é sócio da Telemar e do IG e de outros sócios que venderam sua participação para a operadora. Ou seja, num mesmo negócio, o empresário teria atuado como vendedor e comprador.

Segundo fato relevante distribuído ontem pela Telemar, a operação resultará num lucro contábil de cerca de US$ 6 milhões. O negócio, no entanto, ainda está sujeito à assinatura dos contratos finais.’



Renata de Freitas

‘BRASIL TEL admite até transformar iG em provedor pago’, copyright Reuters, 19/05/04

‘A Brasil Telecom apresentou nesta quarta-feira a estratégia por trás da aquisição do iG, provedor de acesso grátis à Internet. A empresa aposta em abocanhar parte das receitas geradas com o tráfego telefônico do acesso discado, mas admite até transformar o iG em provedor exclusivamente pago se houver mudança nas regras de telecomunicações do país.

Em encontro com analistas, diretores da empresa exibiram projeções de lucros e potencial de receita de interconexão, mas os dados não foram suficientes para convencer analistas de que o valor de compra do iG foi correto. A Brasil Telecom vai pagar 101 milhões de dólares por 63 por cento do capital do provedor.

‘É difícil dizer se pagou caro ou barato porque não se consegue ter visão do negócio Internet separado’, afirmou o analista de um banco brasileiro que pediu para não ser identificado. Opinião semelhante tem o analista de um banco estrangeiro.

Ambos concordaram, no entanto, que a compra ‘é interessante’ para a Brasil Telecom porque deve atrair mais receitas de interconexão, os pagamentos recebidos pelo uso da rede local. Ainda assim, os analistas alertaram que os contratos do iG com a Telemar e com a Telefônica para uso de acesso local nas respectivas regiões serão mantidos até o final de 2005.

Com base em dados do instituto Pyramid Research, a Brasil Telecom apontou potencial de 1,9 bilhão de reais em receitas com interconexão de Internet discada no mercado brasileiro este ano. Desse total, 607 milhões de reais viriam da área da Telemar, 532 milhões de reais da região da Brasil Telecom e os 760 milhões restantes de São Paulo.

Nas projeções da Brasil Telecom, o tráfego conjunto do iBest e iG tem um potencial valor de interconexão de aproximadamente 917 milhões de reais este ano nas áreas da Telemar e da Telefônica.

Mas as mudanças esperadas nas regras de interconexão a partir de 2006, quando entram em vigor novos contratos das concessionárias, podem frustrar esse projeto, como observou em relatório o analista Carlos Sequeira, do UBS.

‘Um grande risco desse negócio reside numa eventual mudança no regime de interconexão que pode reduzir dramaticamente as receitas potenciais que podem ser geradas pelos provedores de acesso gratuito’, comentou o analista.

A Brasil Telecom apresentou como alternativa a esse novo cenário a migração do iG para uma base de usuários pagantes. Segundo relato de analistas, a operadora acredita que conseguiria adesão de cerca de 40 por cento dos atuais 3,1 milhões de usuários ativos se cobrasse 10 reais por mês.

Os analistas mesmos duvidam que a Anatel faça uma mudança tão radical no regime de interconexão que inviabilize o modelo de provedor gratuito num momento em que se defende o fim da exclusão digital.

Outros ganhos viriam da associação do iG com o provedor de acesso gratuito iBest e o serviço de banda larga Br Turbo, também controlados pela Brasil Telecom.

O SuperiG, provedor de banda larga do iG, vai adicionar 60 mil usuários aos mais de 120 mil do Br Turbo. A operadora prepara-se ainda para lançar o serviço de telefonia móvel entre julho e agosto, e passará a contar com o portal sem-fio Selig, do iG.

‘Para cada 1 real gerado no iG, iBest e Br Turbo, aproximadamente 2 reais de tráfego e serviço de banda larga são gerados na Brasil Telecom’, afirmou a empresa. O iG e o iBest juntos geram 3 bilhões de minutos por mês em todo o país.

A expectativa da Brasil Telecom é que o iG tenha lucro de 21,6 milhões de reais este ano, um pouco abaixo do ano passado, mas com receita líquida superior, que deve chegar a 206 milhões de reais.

Criado no início de 2000, o iG tornou-se rentável em maio de 2001. No ano passado, teve lucro de 23,26 milhões de reais e receita de 166,6 milhões de reais.’



Renato Cruz

‘Brasil Telecom compra o iG por US$ 100,7 milhões’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/05/04

‘A Brasil Telecom anunciou ontem a compra de 63% do provedor gratuito de internet iG por US$ 100,752 milhões. A operadora, que já tinha 9,45% do iG, passa a deter 72,45%. O restante pertence ao Opportunity, que está no controle da Brasil Telecom. Quando a operadora revelou seu interesse de controlar o iG, concorrentes haviam criticado a possibilidade de ela comprar a participação do Opportunity.

‘A compra sinaliza o valor da internet para as operadoras de telecomunicações’, afirmou o diretor de Serviços de Análise do Ibope eRatings, Marcelo Coutinho. De acordo com o próprio iG, o provedor tem 7,3 milhões de usuários ativos e mais de 18 milhões de contas de correio eletrônico cadastradas. Segundo a empresa de pesquisa Pyramid Research, o iG é o maior provedor da América Latina.

Entre as empresas que venderam sua participação no iG estão a Telemar e a GP Holdings e a Andrade Gutierrez (acionistas da Telemar). A participação da Telemar no iG era de 17,6% e foi vendida por US$ 17,487 milhões. A empresa divulgou comunicado dizendo que terá lucro contábil de R$ 6 milhões com a operação.

A Brasil Telecom informou que o iG foi avaliado em US$ 137,7 milhões e tem US$ 16 milhões em caixa. A operadora já controla o provedor gratuito iBest. A finalização da compra ainda depende de um processo de verificação dos números do iG e da aprovação das autoridades regulatórias.’