Mais de mil jornalistas e assistentes de mídia morreram pela profissão na última década, de acordo com dados de um relatório divulgado pelo International News Safety Institute (INSI), com sede em Bruxelas. A maioria dos mortos é de homens tombados em seus próprios países, e apenas 9% deles eram freelancers. Quase a metade foi atingida por tiros. Apenas uma em cada oito mortes levou a processos legais. Iraque e Rússia foram apontados os países mais letais para jornalistas.
Segundo o presidente da agência Associated Press, Tom Curley, o relatório revela como se tornou perigosa a busca pelas notícias e quão insignificantes são os esforços por justiça pelos profissionais que são ameaçados e perseguidos enquanto tentam manter o mundo informado. ‘Uma cobertura justa e precisa é cada vez mais necessária, mas os riscos que correm aqueles que a buscam são maiores do que nunca’, afirma.
Números crescentes
A Rússia recebeu destaque no estudo pela crescente lista de jornalistas assassinados. A execução de Anna Politkovskaya, no ano passado, chamou a atenção mundial. ‘Eu acho que temos um grande problema na Rússia’, diz Rodney Pinder, diretor do INSI. ‘Nós temos outro jornalista que morreu há alguns dias em circunstâncias misteriosas, e se estamos desconfiados, quem pode nos culpar? Treze jornalistas morreram na Rússia desde que [o presidente Vladimir] Putin chegou ao poder, e ainda não houve uma condenação’.
‘Há uma cultura de impunidade em muitos países’, explica Richard Sambrook, diretor global da rede britânica BBC. Na última década, foram computadas 138 mortes de jornalistas e assistentes de mídia no Iraque, 88 na Rússia e 72 na Colômbia. Entre países considerados perigosos para a prática do jornalismo estão Filipinas, Argélia, Irã, Índia, México e Paquistão. 2006 foi o pior ano para jornalistas, com 167 mortes. Em 2005, este número foi de 147 e, em 2004, de 117. Em 1996, houve 83 mortes.
O estudo englobou dados de janeiro de 1996 a junho de 2006. O INSI é uma junção de organizações de mídia, grupos em defesa da liberdade de imprensa, sindicatos de jornalistas e ativistas humanitários. A organização é dedicada à segurança de jornalistas e equipes de mídia, que incluem profissionais como tradutores, técnicos e motoristas, entre outros. Informações de Paisley Dodds [AP, 6/3/07].