Quando a Philadelphia Media Holdings LCC comprou o Philadelphia Inquirer no ano passado, pegando emprestado US$ 375 milhões para a concretização do negócio, o grupo começou a buscar maneiras de pagar a dívida. Uma das opções seria vender o prédio de 18 andares no qual o jornal funcionou desde 1924. No início de agosto, um grupo de investidores disponibilizou o prédio no mercado; uma pessoa próxima à operação acredita que ele possa ser vendido por US$ 70 milhões.
Com os lucros dos jornais em queda, as empresas buscam formas alternativas de melhorar suas finanças – uma delas é o mercado imobiliário. Embora os jornais ainda sejam negócios rentáveis, eles são vistos por muitos analistas de Wall Street como uma mídia agonizante. Em alguns casos, em que é preciso quitar dívidas, as empresas tentam vender seus imóveis o mais rápido possível para ter dinheiro imediato. O Inquirer é um exemplo desta pressa.
Outros jornais que também planejam mudar de endereço são o Boston Herald, comprado da News Corporation em 1994, e o Minneapolis Star Tribune, adquirido pela Avista Capital Partners em janeiro. Muitos acreditam que o magnata do setor imobiliário Sam Zell, que acaba de comprar 40% do Tribune, deva vender em breve as propriedades do grupo, incluindo o prédio neogótico de 1925 onde funciona o Chicago Tribune e o do Los Angeles Times, que em 1935 era o maior edifício na costa oeste dos EUA ocupado inteiramente por um jornal. ‘Zell fez sua marca maximizando valores imobiliários’, opina Jim Vesey, diretor da consultoria imobiliária Cushman & Wakefield.
Estratégia antiga
Embora a crise jornalística tenha provocado uma onda de venda de imóveis na indústria, a tendência não é nova. Há doze anos, o New York Daily News esvaziou seu prédio de 37 andares em Manhattan.
Além disso, nem todas as vendas têm motivação puramente financeira. O New York Times, por exemplo, queria mais espaço para se adequar às necessidades de um grupo de mídia do século 21, e, por isso, planejou um novo prédio em Manhattan. Em 2004, o jornal vendeu seu imóvel por US$ 175 milhões para a Tishman Speyer Properties – que já o vendeu, em junho, por US$ 525 milhões. Também em junho, a equipe do jornalão foi transferida para um moderno arranha-céu equipado com as últimas novidades em tecnologia.
A longo prazo, a tendência pode significar o fim da era dos grandes edifícios que abrigaram os jornais no século 20 – muitos deles construídos na época que os diários e seus proprietários eram vistos como detentores de uma grande missão cívica. ‘Estes prédios foram desenhados para ser vistos e admirados. O estilo deles reflete a missão de informar os cidadãos sobre os assuntos do dia’, diz Michael Lykoudis, reitor da faculdade de arquitetura da Universidade de Notre Dame, em Indiana. Informações de Thaddeus Herrick [Wall Street Journal, 29/8/07].