Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Em crise, francês Le Monde é posto à venda


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de junho de 2010


 


FRANÇA


‘Le Monde’ venderá controle do jornal a um novo grupo


‘O ‘Le Monde’, jornal mais prestigiado da França, anunciou ontem a seus leitores que está em um processo de ‘recapitalização’ a ser concluído no meio deste mês. Sem eufemismos: o ‘Monde’ está à venda.


A crise no jornal se estende há ao menos dois anos e foi pontuada por greves de seus jornalistas, que nos últimos 60 anos foram também seus acionistas majoritários -caso raro na indústria e que, vangloriava-se o ‘Monde’, garantia sua liberdade e imparcialidade.


Agora, o jornal dá passo definitivo e anuncia que repassará o controle a um novo grupo, no intento de levantar 100 milhões (R$ 225 milhões).


Diz, no entanto, que exigirá do novo proprietário o compromisso de não intervir no conteúdo editorial, bem como a participação dos acionistas minoritários no conselho.


Na lista de interessados, estão o grupo espanhol Prisa, que publica o ‘El País’, e, após anúncio neste fim de semana, o suíço Ringier, que publica o diário ‘Le Temps’, o principal de língua francesa do país.


Na França, o candidato mais forte, segundo agências de notícias, é a editora do ‘Nouvelle Observateur’. Consórcio formado pelo magnata francês da mídia Xavier Niel, o industrial Pierre Berge e o banqueiro Matthieu Pigasse também enviou proposta.


Recentemente, o ‘Monde’ anunciou que cobraria o acesso à edição on-line, aderindo a onda crescente na Europa.’


 


 


REGULAMENTAÇÃO


José Sarney


O ‘orinó’ de dom Pedro


‘Há uma frenética corrida no país para regulamentar profissões. São dezenas de projetos que diariamente chegam às casas legislativas. Uns bons, outros nem tanto. Mas os textos de todos excessivos na tentativa de dominar espaços exclusivos, que defendem território mais do que ursa no cio.


A primeira trombada que tiveram foi o Supremo Tribunal Federal concluir que a Constituição não permitia exclusividade ao diplomado em jornalismo para escrever em jornais. Se é livre a manifestação da opinião, a liberdade de pensar e de escrever, como restringir publicá-las?


No momento em que se torna exclusiva de um grupo profissional, excluímos aquilo que é a fonte maior do jornalismo: o escritor. E isso é tanto verdade que os intelectuais do país foram afastados em grande parte dos jornais, morreram os suplementos literários e há anos estamos mergulhados somente na matéria sensacionalista da mídia impressa.


A internet, de certo modo, e a decisão do Supremo estão abrindo espaços neste mar de obscurantismo que se tornou a literatura brasileira dos últimos anos, ou até decênios.


Os jornais têm culpa, porque sempre foram eles os alavancadores das vocações que surgiam e depois cresciam e espalhavam talentos. Todos os grandes escritores do século 19 e do século 20 passaram pelos jornais e por eles foram lançados. Hoje, o espaço destinado aos escritores é estreitíssimo ou inexistente.


Devemos repetir: os nossos intelectuais estão afastados da mídia impressa e se recolhem em guetos que atuam para públicos específicos -o maior e melhor deles a universidade.


Agora mesmo está no Congresso um projeto de lei regulamentando a profissão de historiador. Assim, ninguém vai poder escrever sobre história se não estiver enquadrado dentro dessa profissão, incorrendo, quem quiser fazer novela, romance, ensaio ou estudo histórico para publicação, em sanções por violação da lei ou devendo se submeter aos historiadores diplomados.


A fobia da regulamentação me faz lembrar uma anedota histórica, que não sei exatamente onde li, mas aventuro-me a dizer que foi no ‘Brasil Anedótico’, de Humberto de Campos -o maior e mais lido em todos os tempos como mestre da crônica, idolatrado no Rio de Janeiro.


Um nobre fora visitar dom Pedro 2º, enfermo. Este, sentindo-se mal, pediu o ‘orinó’.


O nobre gentilmente aventurou-se a buscar o vaso para o soberano urinar. Foi violentamente interrompido pelo camareiro-mor (os nomes esqueci), que disse enérgico: ‘Quem tem a honra e a atribuição de levar o penico a Sua Majestade sou eu’. Estava regulamentado nos costumes da Corte.


Será que vamos retroceder a esse tempo?’


 


 


REFORMA


Nova revista da Folha trará outro olhar sobre São Paulo


‘A Folha lança neste domingo sua nova revista semanal, a sãopaulo. A publicação trará reportagens sobre a cidade e seus personagens, somadas a um roteiro de cultura e lazer na capital.


sãopaulo vai tratar de comportamento, urbanismo, arquitetura, ambiente, consumo, poluição, trânsito e cultura, oferecendo um novo olhar sobre o dia a dia dos paulistanos. A primeira edição terá 156 páginas, 92 delas de conteúdo editorial.


O número de estreia vem acompanhado de um mapa dobrável exclusivo que exibe as linhas de metrô de São Paulo e oferece 25 dicas de programas turísticos próximos às estações.


Personagens e acontecimentos da cidade serão enfocados em várias seções. ‘Criticidade’ irá apontar problemas urbanos e monitorar se eles estão sendo resolvidos pelos órgãos competentes. Esta seção prevê também ‘300 dpi’, espaço para exibir fotos tiradas de leitores.


‘São Paulo, SP’ vai escalar sempre um morador famoso e entrevistá-lo a respeito da relação entre seu trabalho e o local onde vive. ‘GPS’ destaca outro paulistano, anônimo ou conhecido, que indicará lugares que valem a pena ser visitados. O título da seção brinca com o ‘Global Positioning System’, o aparelho de localização por satélites que a cada dia ganha mais adeptos.


‘Vitrine’ engloba páginas de novos produtos, críticas de lojas e dicas de liquidações. ‘Fique em Casa’, assinada pelo crítico e editor Manuel da Costa Pinto, sugere livros, CDs e DVDs.


A jornalista Adriana Küchler assina uma coluna que leva seu nome e vai elencar gente nova e criativa do circuito artístico e social.


Outros nomes completam a lista de colunistas da revista. O poeta Fabrício Corsaletti vai se revezar com Barbara Gancia em crônicas quinzenais. Na estreia, Corsaletti traça o perfil de outros paulistanos de sua geração, com lirismo e bom humor.


Silvio Lancellotti e Josimar Melo são colunistas do grande roteiro cultural da sãopaulo. O primeiro oferece sugestões de programas fora do circuito convencional em ‘Outra São Paulo’. O segundo mostra nova faceta do crítico gastronômico em ‘Josimar ao Ponto’, um diário de andanças por restaurantes.


O roteiro de cultura e lazer da revista traz a programação completa de cinema na cidade e sugestões de restaurantes, bares, teatro, dança, shows, concertos, passeios, exposições, circuito GLS e programas para as crianças. sãopaulo estreia com 286 opções de programas.


A revista vai circular todos os domingos na Grande São Paulo, mas assinantes de outras regiões terão acesso a sua versão digital. sãopaulo integra o Núcleo de Revistas da Folha, dirigido pela jornalista Cleusa Turra, que também edita o Guia Folha, publicado às sextas, e a revista mensal Serafina, cuja nova edição sairá no dia 27.’


 


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Japão terá comunidade de fãs da Globo na internet


‘A Globo vai criar no Japão sua primeira comunidade oficial de fãs. Naquele país, o canal Globo Internacional também será disponibilizado integralmente pela internet -hoje, o acesso à sua programação pela rede é parcial.


O Japão foi escolhido para testar ferramentas desenvolvidas pela equipe técnica da Globo no último ano e meio.


Lá são 15 mil assinantes, o que permite apresentar o projeto em caráter experimental, trabalho que não seria possível começar no Brasil pelo tamanho do público.


Hoje, segundo dados da Central Globo de Comunicação, há 500 mil telespectadores que mantêm contatos regulares com a emissora. Esse é o universo de fãs do canal, já que somente 2% dos contatos feitos registram críticas.


Desde maio, a Globo conta com a consultoria da americana Flourish Klink. Aos 23, pós-graduada pelo MIT, ela integra uma das mais bem-sucedidas comunidades de fãs de Harry Potter na rede.


À coluna, Klink disse que o segredo é dar a garantia de que serão ouvidos. ‘É importante que exista um porta-voz, que dê a certeza de que as opiniões sobre a programação serão respeitadas.’


Chuteira Em seu último capítulo, anteontem na Record, a novela ‘Bela, a Feia’ empatou com a partida global Flamengo x Palmeiras no Rio, com a marca de 25 pontos no Ibope (1,5 milhão de telespectadores ligados na atração). Em SP, perdeu por 18 a 20 pontos para São Paulo x Goiás.


Espelho Clara (Mariana Ximenes), em ‘Passione’ (Globo), de Silvio de Abreu, não parece a filha perfeita da vilã Flora (Patrícia Pillar) em ‘A Favorita’, de João Emanuel Carneiro?


Trombone Fã de ‘Sai de Baixo’, o telespectador Márcio Prado diz que a exibição do logotipo do canal Viva atrapalha a transmissão. ‘Em filmes legendados se sobrepõe à legenda e o ‘estrago’ é total.’


Bastidores Além de estar à frente do programa ‘Quinta Categoria’ na MTV, Rodrigo Capella dubla cenas de risco apresentadas pelo ‘Comédia MTV’. Dias atrás, foi atropelado no lugar de Bento Ribeiro.


Campeão ‘As Férias de Lord Lucas’, produção da RBS dirigida por Tatiana Nequete, foi o vencedor na categoria Nova Geração do festival Prix Jeunesse Internacional 2010, anteontem, em Munique. A última vitória do Brasil na modalidade ocorreu em 1996, com o episódio ‘O Primeiro Beijo’, da série ‘Confissões de Adolescente’, de Daniel Filho.


Brinde Amaury Júnior vai lançar o espumante Brut Salton Clube A, com logomarca que tem a primeira letra do nome do apresentador.’


 


 


TECNOLOGIA


Jobs defende cobrança por conteúdo no iPad


‘O presidente da Apple, Steve Jobs, defendeu que jornais e revistas cobrem por conteúdo no iPad.


Para o executivo, as organizações de notícias são importantes.


‘Eu não gostaria que nos tornássemos uma nação de blogueiros’, disse ele na noite de terça-feira em evento organizado pela Dow Jones, dona do ‘Wall Street Journal’.


Ele respondia a uma pergunta de uma jornalista que mencionou analistas que veem o iPad como a ‘salvação do jornalismo’.


Para Jobs, ‘qualquer democracia depende de uma imprensa livre e saudável’.


O executivo disse acreditar que, com o iPad, as empresas podem oferecer conteúdo com maior valor a seus usuários do que uma simples página na web.


‘O que nós temos que pensar é em um jeito de as pessoas começarem a pagar por esse conteúdo tão difícil de obter. […] Estou tentando que eles [jornais e revistas] tenham uma posição mais agressiva no preço do que têm no produto impresso, já que não haverá custos de impressão e transporte.’


‘Eles têm que cobrar um preço razoável e tentar ganhar no volume, porque eu acho que as pessoas estão dispostas a pagar por conteúdo’, completou o executivo da Apple.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Sexta-feira, 4 de junho de 2010


 


FRANÇA


Em crise, ‘Le Monde’ é colocado à venda


‘O jornal francês Le Monde, um dos mais importantes do mundo, foi oficialmente posto à venda ontem, em Paris. O anúncio foi feito em editorial de capa pelo diretor executivo Eric Fottorino, e confirma a perspectiva aberta em janeiro de 2008, quando do agravamento da crise do maior diário da França. Os futuros proprietários, que deverão injetar entre 80 milhões e 100 milhões de euros em troca do controle acionário, terão de assinar termo de compromisso garantindo a independência editorial do periódico de centro-esquerda.


A troca de mãos do Le Monde é, desde já, o maior movimento em curso no mercado editorial da Europa, e está mobilizando investidores da própria França, mas também da Itália, Espanha e Suíça. As ofertas deverão ser concretizadas até 14 de junho pelo conjunto do grupo Le Monde, integrado também pelo site lemonde.fr, o portal informativo mais frequentado do país, o jornal Le Monde Diplomatique, as revistas Courrier International, Télérama e La Vie e a gráfica da companhia, além de seus imóveis. A perspectiva é de que até 30 de junho o selecionado para liderar o processo de recapitalização do grupo seja conhecido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.’


 


 


TELEVISÃO


Lucas Mendes


O rei e a rebelde


‘Na TV por assinatura, o rei é Larry King, 77 anos, mais de 40 mil entrevistas, de garçons a presidentes. Durante anos reinou no horário nobre da rede CNN, onde começou, há 25 anos. Judeu de classe média baixa, nunca entrou na faculdade, passou por várias cirurgias cardíacas, oito casamentos com sete mulheres. Politicamente, está no centrão.


Rachel Maddow é a rebelde, 37 anos. Apresentadora do programa com o próprio nome na MSNBC, também por assinatura, onde começou, há dois anos, no mesmo horário que Larry King. Rachel estudou políticas públicas em Stanford, na Califórnia, e fez doutorado em filosofia em Oxford, na Inglaterra. Rachel é a primeira gay/lésbica com um programa no horário nobre da televisão americana e vive com a parceira. Politicamente rebelde, à esquerda de Obama.


O rei das entrevistas neste momento está em queda livre nos índices de audiência. Caiu mais de 50% em um ano, e ficou abaixo de Rachel Maddow, que não sobe nem desce.


Tanto nos canais abertos como na TV por assinatura, dois universos completamente diferentes, o objetivo é conquistar a turma dos 18 aos 54. Na aberta, a fórmula é a dos reality shows, dramas e comédias. Na TV por assinatura, domina o plá das cabeças falantes e o time da FOX, da direita conservadora, dá uma surra na concorrência, inclusive na Rachel Maddow.


Em resumo: a Fox, a direita, subiu durante o governo Clinton e está por cima há vários anos. Agora estacionou, mas tem a fiel audiência conservadora que paga as contas.


A esquerda não despenca nem decola. Fica com a metade, ou menos, da audiência da Fox. A CNN, com seu plano de jornalismo neutro e informativo, é uma espécie ameaçada de extinção no horário nobre. Vive de terremotos no Haiti, quedas de aviões, atentados terroristas e outras breaking news, mas, no horário nobre, de 07h00 às 11h00 da noite, é o mesmo iogurte de baunilha a morango.


Faço o circuito e prefiro a CNN, com seu esforço de isenção, mas são todas comerciais e os índices são implacáveis. Sem os números e sem os dólares, Obama na cruz e liberais em fuga.


Como um presidente que herdou duas guerras, uma quase-depressão, dívida brutal e cofre vazio pode depender da isenção da CNN? Ele prometeu que ia caminhar sobre as águas. Onde estão os milagres?


O eleitor independente se sente perdido no centrão do Larry King. A história dele é a mais fascinante. Parou de estudar para sustentar a mãe viúva. Obstinado com a carreira de radialista, sem currículo, conseguiu furar o cerco, primeiro como disc-jóquei e depois entrevistando fregueses de um restaurante em Miami. Qualquer freguês. O primeiro entrevistado da carreira dele foi um dos garçons.


De lá, ele deu um salto para um programa de rádio das 00h00 às 05h30 da manhã. Nos primeiros noventa minutos, entrevistava um convidado. Nos noventa seguintes, os ouvintes entrevistavam o convidado, e no resto do programa os ouvintes falavam sobre o que quisessem. Saiu de lá para um contrato na CNN, em 85, que tinha cinco anos e era uma piada na televisão americana.


Pouco depois, a rede criou um sucesso, Crossfire. Debates de apresentadores conservadores contra liberais. Até que um jovem convidado genial chamado Jon Stewart deu uma bronca nos anfitriões e na CNN: ‘vocês estão destruindo o país’, disse ele, e denunciou a fórmula .


A rede ouviu, acabou com os debates e partiu para o centro. Até este ano, quando a audiência de Larry King perdeu para Rachel Maddow. Cabeças de apresentadores já rolaram.


O contrato de Larry King termina ano que vem mas, aos 77 anos, não tem nenhum plano de aposentar. Não tira férias. Quando deixam trabalha, aos domingos. Ia se divorciar pela oitava vez em março, mas suspendeu o processo. Pelo que vejo no ar, está forte e rijo e, pelo que dizem, vai se casar pela nona vez.


A crise de audiência ameaça as TVs abertas e as por assinatura, mas a questão mais importante não é a perda de dinheiro, embora seja real e preocupante. O drama maior é encontrar novas fórmulas: onde estamos e para onde vamos. ‘Ondequitoh prondequivoh’, como filosofam em Minas. E o caminho na CNN aponta para o passado: Crossfire. Debates entre extremos.’


 


 


COMUNIDADE


Ivan Lessa


Jornal de bairro


‘Aparece na minha caixa postal mais ou menos uma vez de três em três meses. Leio de cabo a rabo, conforme manda o protocolo antigão aplicável em coisas beirando o nostálgico. Na verdade, o jornal de meu bairro, ou região administrativa, vem com o nome algo pomposo de meu endereço postal. Chama-se ela, a publicação, Royal Borough.


Muito pimpona de ser real. Ela está certa. Diz respeito às andanças e paranças de onde moro, o Royal Borough of Kensington and Chelsea. Nunca entendi o que havia de real, no sentido de pertencente à realeza, no Borough, pois vou logo pegando a intimidade que três décadas de residência no referido bairro me dão direito.


Real. Como existente e concreto quase que juro que é verdadeiro. Eu disse ‘quase’. O mundo e a vida são ilusões passageiras, disse um filósofo chinês que passou, acabou e cujo nome nem eu nem ninguém se lembra mais.


Lá está na primeira página do mais recente exemplar do RB (vamos abreviar o nome do bichão): editorial de três colunas explicando o que vai acontecer nos próximos quatro anos, agora que as eleições garantiram mais uma vez o tradicional caráter Conservador do bairro (‘administração regional’ me afasta de seus bem cuidados jardins e serviços públicos).


Vão continuar, prometem, tentando botar nos eixos a economia local. Gozado. Nunca notara que ela estava fora dos eixos. Sempre achei tudo certinho embora muito caro, mas supus que isso se devia à realeza embutida em cada centímetro de asfalto e de verde do bairro.


Vou em frente. Ou melhor, para o lado do editorial. A vereança local (são os councillors) acabou de inaugurar, ao norte do bairro, um centro para crianças com instalações para aquelas com problemas de deficiência física.


Logo embaixo: Holland Park, um dos mais bonitos e simpáticos parques de Londres, recebe nesta primavera a aprazível visita de alguns residentes temporários. A saber, uma porca da prestigiosa raça Saddleback e seus três filhotes. Bem vindos, Dona Porca e seus porquinhos.


Em tempo: o Royal Borough é grátis e entregue a 87 mil lares e estabelecimentos comerciais da administração regional. Há, para quem necessitar, edições em tape ou em braille, além de outras línguas, pois nós, os reais residentes de Kensington e Chelsea, somos multiétnicos.


Uma correção na segunda página informa que o vereador Keith Cunningham não é quem preside o grupo de trabalho de apoio às vítimas de estupro. O importante cargo, na verdade, cabe á vereadora Catherine Atkinson.


A comissão para obras de maior importância no bairro deverá se reunir, no seu equivalente à câmara municipal, agora mesmo no dia 7 de junho, seguida das que supervisionarão serviços gerais, no dia 8, e saúde, no dia 16.


A administração regional comunica que estão abertas as inscrições para os pubs e bares de Kensington e Chelsea candidatos aos melhores do bairro, agora pelo terceiro ano consecutivo. De minha parte, folgo em saber que o pub (mas agora mais para o bar, como virou moda) Drayton Arms, o meu chamado local (ou seja, o que um residente contempla com o pastel premiado de sua preferência) venceu a competição em 2009. Como se torcendo num estádio da África do Sul, aplaudo e, de pé e em voz alta, solto meu ‘Já ganhou! Já ganhou! O bi é nosso!’


Em suas 16 páginas repletas de novidades, algumas alegres (o real bairro estará sorteando férias grátis à beira-mar próximo ao Carnaval de agosto), outras tristes (faleceu Antony Carr-Gomm, vereador pelo distrito de Abingdon entre 1975 e 1986. 11 anos de bons serviços prestados) tomo conhecimento de que os interessados em adotar crianças de todas as idades e origens étnicas devem se dirigir ao centro Isaac Newton, em Lancaster Road.


E, no mote imortalizado por Vladimir Nabokov, mais, mais, muito mais.


Senti falta de palavras cruzadas. Ou, ao menos, de um modesto sudoku. Mas a real púrpura de Kensington e Chelsea não pode abranger toda a gama das necessidades de seus residentes.’


 


 


 


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