Jornais do Nepal publicaram editoriais em branco, na semana passada (23/12), em protesto à violência sofrida pelos profissionais da editora Himalmedia. Um grupo de 50 pessoas ligadas ao partido maoísta invadiu os escritórios da editora, em 21/12, danificando objetos e ferindo 12 pessoas. A Himalmedia publica o semanário em inglês Nepali Times e outras duas revistas de notícias.
Editores que presenciaram a agressão disseram que o grupo ordenou que não fossem mais publicadas críticas aos maoístas. ‘Nós deixamos as colunas do editorial em branco em um protesto silencioso contra os ataques maoístas e contra as ameaças recebidas pela mídia’, afirmou Akhilesh Upadhyay, editor do jornal Kathmandu Post.
Pelo fim da impunidade
Diplomatas, as Nações Unidas e grupos em defesa da liberdade de imprensa condenaram a agressão. A embaixada francesa, representando a União Européia, afirmou que ‘as tentativas de dominar a mídia independente revelam uma tendência perturbadora que deve ser cessada’. A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras pediu que o governo liderado pelos maoístas identifique e puna os responsáveis pelo ataque. ‘O governo deve garantir o direito de que todas as vozes sejam ouvidas, punindo quem violar este direito e impedindo que seus partidários ajam com impunidade’, declarou.
Os ex-rebeldes maoístas venceram as eleições deste ano e hoje lideram a coalizão que governa o Nepal, mas ainda enfrentam acusações de que grupos que os apóiam continuam a abusar de intimidação e violência. A porta-voz Dinanath Sharma afirmou que o partido lamenta o ataque, mas que não pode ser responsabilizado por ele. ‘O partido não pode ser culpado por um incidente feito por algumas pessoas. O governo irá investigar [o caso] e agirá contra os culpados’, ressaltou. Informações de Sam Taylor [AFP, 23/12/08].