Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Em crise, modelo americano precisa se reinventar

Há 15 anos, quase todos os programas de TV americanos elogiados pela crítica e premiados estavam na TV aberta. À programação dos canais pagos sobravam as reprises, clipes de músicas e shows religiosos. Foi aí que a emissora paga HBO, até então conhecida por exibir filmes, teve a ideia de investir em séries dramáticas de uma hora de duração. A experiência deu certo. Era da HBO, por exemplo, a produção Os Sopranos, sobre uma família de mafiosos. Mad Men, ambientada em uma agência publicitária de Nova York nos anos 60, é exibida pelo canal AMC (American Movie Classics). Hoje, a maior parte das séries dramáticas de sucesso assistidas nos EUA e no resto do mundo passam primeiro pelos canais por assinatura.

Operadoras por assinatura fora dos EUA, como a britânica BskyB, também começam a investir em produções originais, que contam cada vez mais com atores do alto escalão hollywoodiano. As redes abertas, por sua vez, passaram a focar nas séries de comédia, reality shows e concursos de talentos musicais.

Até agora, o modelo de assinaturas mostrou-se a melhor opção para se pagar por TV de alta qualidade, já que tira o peso da dependência em publicidade. Hoje, com a tecnologia dos gravadores digitais, por sinal, os anúncios podem simplesmente ser pulados. A assinatura voluntária também é preferível à compulsória, como a usada por emissoras públicas europeias como a BBC, em que todo mundo que possui um aparelho de TV é obrigado a pagar uma taxa anual pelo serviço.

Cencelamento de assinaturas

O sucesso do modelo não impediu, no entanto, que a TV paga sofresse riscos. Hoje, ela está sob ameaça – especialmente nos EUA. Os preços das assinaturas subiram demais, principalmente em tempos de crise econômica. Por outro lado, empresas como Amazon e Netflix prometem ampliar cada vez mais a distribuição online de filmes e programas televisivos a baixo custo. Ainda não está claro qual o principal fator do cancelamento de assinaturas, mas ele está acontecendo de maneira acelerada.

Executivos de canais pagos argumentam que as pessoas sempre encontrarão meios de pagar por sua TV por assinatura, mesmo que tenham que economizar em outras coisas, como cortar idas ao cinema, por exemplo. Mas, à medida que o tempo passa, fica cada vez mais nítido que o sistema de TV paga irá, em algum momento, ruir. Não será fácil virar o jogo. A solução poderá estar na oferta de pacotes cada vez mais básicos de canais; em investimentos pesados em marketing, sites e aplicativos; no aumento da produção de conteúdo próprio; e no abandono das reprises de filmes.

Mas o momento de crise pode também acabar fortalecendo a televisão como um todo. Se os telespectadores tiverem que passar a comprar canais individualmente, em vez de contar com os pacotes, terão que refletir sobre o que realmente querem e precisam assistir, principalmente porque cada canal custará mais do que custa hoje. As companhias de mídia, por sua vez, deverão melhorar seus serviços para suportar a disputa. As informações são da Economist [20/8/11].