A polêmica acerca do poder que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, exerce sobre a mídia de seu país reacendeu com a saída de um dos mais respeitados âncoras do comando de um telejornal do Canal 5, controlado pelo mandatário italiano. Como reporta Tracy Wilkinson [Los Angeles Times, 29/11/04], Enrico Mentana apresentava o telejornal noturno da emissora e era conhecido por sua independência. Mesmo trabalhando em um canal do grupo Mediaset, empresa sob controle da família Berlusconi, ele levava ao ar reportagens críticas do partido direitista do primeiro-ministro.
Um mês atrás, no entanto, Mentana apareceu no ar anunciando que seria substituído pelo editor de uma revista que também pertence a Berlusconi, passando a ocupar um cargo de bastidores, o de ‘diretor editorial’, cuja função ainda não está muito clara.
‘Espero que não estejamos lidando com outro ataque à liberdade de informação’, observa o presidente de um sindicato italiano de jornalistas, Franco Siddi. Sua preocupação é compartilhada por muitos italianos, que não vêem com bons olhos o imenso poder de Berlusconi sobre os meios de comunicação. Além de controlar diversos jornais, revistas e uma grande companhia de publicidade, ele possui três redes nacionais de televisão. Como primeiro-ministro, também exerce influência sobre a TV estatal RAI, o que faz com que 90% da audiência esteja sob seu controle.