Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Emissora faz acordo com família de suicida

A rede americana NBC entrou em acordo na justiça com a família de Louis W. Conradt Jr, procurador aposentado que se matou em 2006 ao ser confrontado por um segmento antipedofilia do programa Dateline. Parentes de Conradt haviam aberto uma ação, no ano passado, exigindo US$ 105 milhões; não foi revelada, entretanto, a quantia paga pela rede de TV no acordo. ‘A questão foi amigavelmente resolvida com a satisfação de ambas as partes’, declarou Jenny Tartikoff, porta-voz da NBC.

O processo criticava as técnicas usadas pela equipe do segmento To Catch a Predator (para capturar um predador, em tradução livre) para atrair possíveis pedófilos, por meio de ‘pegadinhas’ na internet e encontros registrados por câmeras escondidas. Embora atraísse altos índices de audiência, o quadro também levantou questões éticas sobre o fato de um adulto (da produção) se passar por um adolescente na internet e atrair o suspeito para uma casa com direito a jornalistas e cinegrafistas escondidos prontos a confrontá-lo.

Tiro na cabeça

Conradt chegou a trocar mensagens explicitamente sexuais com uma pessoa que ele acreditava ser menor de idade e que era, na realidade, voluntária do Justiça Pervertida, grupo ativista que ajuda a desmascarar pedófilos e prestava assistência à NBC. O encontro foi facilitado pelo departamento de polícia local – e como Conradt não apareceu no horário marcado, a polícia decidiu prendê-lo em casa. Quando a equipe de TV e os policiais chegaram à residência, Conradt se matou com um tiro na cabeça.

Em fevereiro deste ano, um juiz rejeitou algumas das alegações do processo, mas declarou que o júri ‘podia considerar que a NBC ultrapassou a linha do jornalismo responsável para o irresponsável, com invasão negligente no cumprimento da lei’. As duas partes chegaram a um acordo antes do início do julgamento. Em 2007, a NBC exibiu apenas dois episódios novos de Predator. ‘Estamos agora trabalhando em outras séries investigativas’, explica Jenny. Informações de Brian Stelter [New York Times, 26/6/08].