Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Emissora tem credenciais para Meca negadas

O governo da Arábia Saudita, pelo terceiro ano consecutivo, negou à rede de TV al-Jazira as credenciais para a cobertura da peregrinação de muçulmanos a Meca. A emissora tem sede no Catar, país em crise diplomática com os sauditas. A monarquia saudita permite que a CNN e a BBC façam reportagens no país porque estes canais são pouco assistidos pela população local e, portanto, não representam ameaça. Em nota de apoio à al-Jazira, a organização Repórteres Sem Fronteiras [27/1/05] observa que são diversos os países que criam restrições à emissora por ela dar voz a críticos de diferentes governos e ter mais de 35 milhões de espectadores diários no mundo.

A Argélia, por exemplo, decidiu expulsar a al-Jazira em junho do ano passado. Há uma década não se aplicava tal restrição a um veículo estrangeiro naquele país. A desculpa das autoridades era de que estavam reestruturando a forma como atuaria a imprensa estrangeira, mas só a emissora do Catar foi afetada. A decisão, ao que tudo indica, veio após a transmissão de um programa em que o presidente Abdelaziz Bouteflika era duramente criticado por sua política de reconciliação nacional.

O governo do Irã, por sua vez, já pediu que a al-Jazira tirasse uma charge de seu sítio de internet e ameaçou fechar a representação do canal em Teerã depois que, num de seus programas, o Golfo Pérsico foi chamado de ‘Golfo Árabe’. Na Tunísia, a rede nunca conseguiu autorização para estabelecer um escritório. Para a cobertura das eleições presidenciais de 2004, as autoridades do país africano exigiram escolher o correspondente que iria trabalhar ali. Mesmo o governo interino do Iraque, que teria sido empossado para promover o processo de democratização, quer se ver livre da emissora. Seu escritório de Bagdá foi fechado em agosto de 2004 para ‘proteger o povo iraquiano’; sua programação seria demasiado provocativa e desestabilizadora.