A relação que envolve veículos de comunicação, dinheiro e entrevistados é sempre complexa. Quando surgem indícios ou informações de algum tipo de compensação de uma empresa de mídia ao objeto de sua pauta, o alerta para questões éticas é rapidamente aceso. O alerta de gastos excessivos em tempos de recessão, também. A bola da vez nos EUA é a emissora ABC News, que teria pagado 200 mil dólares à família de uma mulher da Flórida acusada de matar a própria filha.
A informação foi divulgada pelo advogado de defesa de Casey Anthony durante o julgamento. Ele disse ainda que o dinheiro foi usado para ajudar a bancar os gastos da acusada com o caso. Em declaração, a ABC News afirmou que o dinheiro, repassado em 2008, não teve nenhuma ligação com entrevistas, cobrindo apenas o pagamento pelo direito exclusivo ao uso de fotos e vídeos caseiros da família Anthony. No mês passado, o jornal Orlando Sentinel havia publicado que a emissora teria pagado pela hospedagem de membros da família por alguns dias em um hotel da rede Ritz-Carlton na Flórida.
Segundo Joe Flint, em artigo no Los Angeles Times [19/3/10], também no mês passado a ABC anunciou que eliminaria 20% de sua força de trabalho e planejava uma restruturação das operações de sua divisão de notícias. Tudo em nome do corte de custos para sobreviver à crise enfrentada pela indústria jornalística. Segundo Flint, o dinheiro e o tempo gastos em um caso que, apesar de trágico, não chega a ser um tema de extrema relevância nacional, poderiam ser mais bem usados pela ABC.