Quatro anos depois do fiasco do resultado das eleições presidenciais de 2000, as emissoras de TV americanas preparam com prudência sua transmissão para o próximo dia 2/11. Não querem repetir, de jeito nenhum, o erro que fez com que as gigantes ABC, CBS, NBC, CNN e Fox anunciassem prematuramente a vitória do candidato democrata Al Gore na Flórida com base em pesquisas de boca de urna e, seis horas depois, desmentissem a informação. O fim da história todos conhecem, e o republicano George W. Bush pede agora mais quatro anos.
Em 2000, a corrida pela presidência estava tão acirrada que culminou em uma batalha de mais de um mês de recontagem de votos. Agitada da mesma maneira estava a corrida jornalística, o que levou os chefes das divisões de notícias das emissoras a se desculparem publicamente em uma audiência na Câmara dos Deputados.
Aprendendo com os erros
‘Todos nós aprendemos uma lição’, afirma o vice-presidente sênior da Fox News, John Moody. ‘Nesta eleição, deverá haver uma abundância de cautela na maioria das redações’. Depois da falha há quatro anos, as cinco emissoras de TV envolvidas e a agência de notícias Associated Press acabaram com seu consórcio de pesquisa de boca de urna, o Voter News Service. Para cuidar da próxima eleição, contrataram duas firmas – Edison Media Research e Mitofsky International –, que há meses se preparam para realizar a importante tarefa com sucesso.
Desde julho, Joe Lenski, da Edison, e Warren Mitofsky fazem simulações, em seus computadores, das condições que deverão enfrentar no dia da eleição. Em 2/11, os dois estarão a postos – e preparados – para analisar com toda a atenção os dados que receberem. Falhas de quatro anos atrás, como a falta de estimativa confiável do número de eleitores ausentes (nos EUA o voto não é obrigatório), estão sendo corrigidas.
Muita calma e paciência
Embora as firmas passem as informações e recomendações para as organizações participantes, cada uma tomará sozinha a decisão de como agir diante delas. Uma coisa é certa: pela primeira vez, os executivos das emissoras concordaram em não fazer projeções do resultado de um estado que ainda esteja em processo de votação. ‘O que aconteceu há quatro anos irá nos guiar em termos de prudência, cuidado e extrema atenção’, diz o diretor político da CNN, Tom Hannon.
Na CBS News, as coisas seguem desta mesma forma. A vice-presidente Linda Mason, junto com o âncora Dan Rather e o diretor da divisão de notícias, Andrew Heyard, chegou à conclusão de que precisão é mais importante do que rapidez. A emissora designou um jornalista para explicar aos telespectadores como funciona a pesquisa de boca de urna e, em meio aos gráficos com os resultados, terá destaque a palavra ‘estimativa’. ‘Nosso mantra é ser transparente’, conclui Linda. Informações de Howard Kurtz [The Washington Post, 12/10/04].