Jornais americanos que publicaram um encarte publicitário com um DVD contrário a muçulmanos extremistas enfrentaram críticas de leitores, que questionam se veículos jornalísticos devem servir de plataforma para qualquer um que pague por seu espaço. O material foi confeccionado pela ONG Clarion Fund, fundada em 2006 com o objetivo de denunciar ‘a ameaça do islamismo radical’.
Poucos jornais recusaram a oferta da organização e 70 deles – incluindo o New York Times – distribuíram o DVD, intitulado Obsession: Radical Islam’s War Against the West (Obsessão: a guerra do Islã radical contra o Ocidente, tradução livre), para 28 milhões de assinantes, alegando que rejeitá-lo seria violar o direito de liberdade de expressão do patrocinador.
Cancelamentos e protestos
A Clarion Fund gastou milhões de dólares para distribuir o DVD nos estados onde há maior disputa de votos para as próximas eleições presidenciais – o que também gerou críticas sobre a motivação política do grupo. ‘Este é definitivamente o maior feedback que já recebi de um anúncio’, diz Ted Vaden, editor do jornal News&Observer. ‘É a reação mais forte que já tive de qualquer material. E a grande maioria foi negativa’.
Segundo Vaden, o diário recebeu 500 e-mails e telefonemas e teve 50 cancelamentos de assinatura. Na opinião dele, o que mais atraiu críticas foi uma matéria de capa chamando a atenção para o DVD, considerado por muitos como propaganda anti-muçulmana. No Oregonian, houve até protesto em frente à redação.
O porta-voz da Clarion Fund, Gregory Ross, afirmou que o grupo usou o dinheiro de doações de indivíduos – que ele não quis identificar – para publicar o material a fim de chamar a atenção da mídia. Segundo ele, a intenção não foi influenciar o resultado das eleições. ‘Chegamos à conclusão de que os jornais eram o meio mais econômico de distribuição’, explica. Informações de Anick Jesdanun [AP, 5/10/08].