Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ernesto Rodrigues

‘Faltam alguns dias para término das minhas atividades como ombudsman da TV Cultura. Por isso, não posso deixar de registrar minhas impressões sobre um determinado tipo de telespectador da emissora que freqüenta esta caixa de mensagens desde julho de 2008.

Uma das principais características desse telespectador é a certeza religiosa que emana do conglomerado ofensivo de adjetivos com que…

Faltam alguns dias para término das minhas atividades como ombudsman da TV Cultura. Por isso, não posso deixar de registrar minhas impressões sobre um determinado tipo de telespectador da emissora que freqüenta esta caixa de mensagens desde julho de 2008.

Uma das principais características desse telespectador é a certeza religiosa que emana do conglomerado ofensivo de adjetivos com que ele costuma se manifestar sobre os conteúdos exibidos pela TV Cultura e sobre os profissionais responsáveis por esses conteúdos.

Em vez de críticas cuidadosas, objetivas, pontuais e factualmente verificáveis ou mensuráveis, esse telespectador distribui, sem medo algum de estar sendo injusto, um pacote de sentenças que, se tomado ao pé da letra, nos levaria à conclusão de que os corredores da emissora estão congestionados por almas vendidas, incompetentes militantes, contrabandistas da banalidade, mercenários culturais, atravessadores ideológicos e idiotas estéticos.

Não é difícil identificar, ao fundo, inspirando os autores desse tipo de mensagem, uma versão radical, venenosa e quase delinqüente do elitismo patrulheiro e exclusivista que defende uma programação supostamente superior, mas que, na prática, é quase autista, exatamente por não ter qualquer preocupação de atrair, para esta emissora, o chamado telespectador médio brasileiro (ou paulista) de TV aberta.

Mais preocupante ainda é a perigosa confusão que esse tipo de telespectador costuma fazer com sua condição – incontestável, diga-se – de contribuinte-acionista da TV Cultura. Propositalmente, ele se esquece de que sua representatividade deve ser dividida, diluída e negociada com milhões de outros contribuintes do estado de São Paulo. E incorpora o jargão dos totalitários, escrevendo como se fosse ‘o’ proprietário da emissora e tratando o ombudsman como um trêmulo subalterno que sempre lhe deverá desculpas, retratações e obediência cega.

Um olhar rápido sobre as mais de 650 colunas postadas aqui neste espaço mostra que este ombudsman não precisou desse tipo de contribuição para analisar, apontar e detectar, de forma enérgica, problemas de todo nível de gravidade na programação da TV Cultura. Não me arrependo, portanto, de sempre ter negado espaço para esse tipo de telespectador aqui nesta coluna.

Respondo pessoalmente, no entanto, quando o índice de agressividade fica dentro do tolerável. Mais do que isso, só se o telespectador voltar, civilizadamente, ao convívio democrático.

João Sayad responde, 14/7

Em resposta aos emails de telespectadores que pediam explicações sobre a mudança no comando do Jornalismo da TV Cultura e que foram encaminhados por este ombudsman à direção da Fundação da Fundação Padre Anchieta, o Diretor Presidente João Sayad mandou a seguinte mensagem:

Informo abaixo os eventos relacionados com a substituição do jornalista Gabriel Priolli na Coordenação de Jornalismo da TV Cultura.

1. Ao ser convidado para a função, Gabriel Priolli deu várias entrevistas falando de assuntos da TV Cultura, sem conhecimento e autorização prévia da administração, inclusive criticando a proposta de jornalismo público o que não representa o ponto de vista desta administração; revelou até idéias de novos programas para a grade da emissora que ainda estão sendo avaliados;

2. Gabriel Priolli propôs a pauta do Jornal da Cultura sem informar o Diretor-Responsável, Fernando Vieira de Mello e sem obedecer a legislação eleitoral que prevê a manifestação de todos os candidatos;

3. Não houve interferência alguma do Governo do Estado na questão. A pauta selecionada por Gabriel Priolli foi ao ar na sua íntegra, depois que o diretor de conteúdo determinou que os demais candidatos ao governo também fossem ouvidos.

4. O jornalista Gabriel Priolli continua a trabalhar na TV Cultura embora em outra função com o mesmo nível hierárquico.

Atenciosamente,

João Sayad

Diretor Presidente

Fundação Padre Anchieta’