Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Estação de rádio pede desculpas por trote

A estação de rádio católica espanhola Cope desculpou-se à Espanha, à Bolívia e ao Vaticano na sexta-feira (23/12) por um trote telefônico feito por um comediante com o futuro presidente da Bolívia, Evo Morales. O funcionário da rádio, passando-se pelo primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, parabenizou o presidente boliviano pela vitória nas eleições e lhe disse que a Bolívia e a Espanha se juntariam em um eixo com Cuba e Venezuela.


A estação de rádio é extremamente crítica às políticas do governo socialista espanhol. O trote não agradou aos governos da Bolívia e da Espanha e reviveu a tensão entre a Espanha e a igreja católica, que criticou duramente o país por ações como a legalização de casamentos gays.


Durante os seis minutos de conversa, colocada no ar posteriormente pela rádio, o falso Zapatero também convidou Morales a visitar a Espanha. Quando Morales afirmou que havia recebido muitos telefonemas de congratulações, o comediante disse que imaginava que ele não havia recebido ligações do presidente americano, George Bush. ‘Ele ainda não me telefonou e estou no cargo há dois anos’, afirmou o falsário. Zapatero desagradou os EUA ao retirar as tropas espanholas do Iraque em 2004, depois que assumiu o cargo e, mais recentemente, por vender aviões e navios no valor de US$ 2 bilhões para a Venezuela.


O ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Angel Moratinos, passou por cima da autoridade dos bispos que controlam a estação e se dirigiu diretamente ao enviado do Vaticano à Espanha, pedindo que ele previna que algo similar aconteça novamente. Na quinta-feira (22/12), o governo da Espanha se desculpou formalmente com o governo boliviano. A rádio emitiu uma declaração lamentando o incidente, mas a Embaixada da Bolívia na Espanha exigiu que fosse emitido um pedido de desculpas mais claro à Bolívia e a Morales. ‘A equipe da emissora quer deixar claro que nunca teve a intenção de faltar com respeito ao presidente eleito da Bolívia, ou impedir o desenvolvimento de relações internacionais em nosso país’, dizia o novo pedido de desculpas. Alvaro del Pozo, da Embaixada da Bolívia em Madri, afirmou que Morales havia aceito as desculpas. Informações da Reuters [23/12/05].