A morte prematura da versão chinesa da revista Rolling Stone pode ter sido influenciada por um novo pacote de restrições à entrada de publicações estrangeiras no país. A Administração Geral de Imprensa e Publicações, órgão governamental que controla as publicações na China, criou uma ‘regra interna’ no ano passado que permite que apenas revistas de ciência e tecnologia desenvolvam versões locais por parcerias com editoras chinesas.
Segundo nota da Reuters [7/4/06], um funcionário do escritório que não quis ser identificado confirmou a existência da nova norma, completando que publicações estrangeiras de entretenimento, esportes e moda não devem esperar conseguir autorização para funcionar na China, pelo menos por enquanto.
Carro sem carteira
A regra não foi divulgada publicamente, mas serve de critério interno para os representantes do órgão de fiscalização. O funcionário negou, entretanto, que ela tenha sido responsável pelo fim da Rolling Stone chinesa – que sobreviveu a apenas uma edição. ‘A Rolling Stone deveria ter tentado obter aprovação de uma autoridade do Estado – no caso, nós –, mas ela nunca o fez’, afirma. ‘Não é uma questão do conteúdo da revista. Ela simplesmente estava dirigindo um carro sem carteira de motorista’.
O primeiro número da versão chinesa da revista americana incluía uma matéria de capa sobre o pioneiro do rock chinês Cui Jian, proibido de tocar no país até recentemente; e um artigo sobre a controversa blogueira Um Zimei, cujas descrições de sexo levaram ao fechamento de sua página na internet.
Representantes do Partido Comunista controlam o fluxo de informações na China e têm reprimido a crescente coragem e ousadia de revistas e jornais em abordar assuntos considerados sensíveis ao governo. Em agosto do ano passado, o PC também levantou novas restrições a investimentos estrangeiros em emissoras de TV por satélite e outros projetos de mídia.