Não chega a ser novidade: enquanto o mercado de notícias para smartphones e tablets apresenta crescimento, os jornais impressos continuam em queda de receita. A conclusão faz parte do relatório anual State of The News Media, do Instituto de pesquisa Pew Research Center, que avalia o estado da indústria midiática dos EUA.
De acordo com o estudo, 39 entre os 50 sites de notícias digitais mais populares no país tiveram mais visitantes através de aparelhos móveis do que de desktops no último ano. Esse dado explica o aumento considerável da receita publicitária do mercado móvel. Em 2014, foram gastos cerca de 19 bilhões de dólares em publicidade para aparelhos móveis, aumento de 78% em relação ao ano anterior. Trinta e sete por cento da receita em publicidade digital de 2014 foram gastos nesse mercado, aumento de 25% em relação a 2013. Entre os sites digitais mais visitados se encontram o Huffington Post, na liderança do ranking, BuzzFeed, Vice, Vox e Mashable.
Se o mercado de notícias digitais continua a crescer, o impresso continua a cair, tanto em receita como em circulação. Em 2014, a receita de publicidade dos jornais impressos teve queda de 4% em relação ao ano anterior; cerca de 16 bilhões de dólares foram arrecadados em publicidade em 2014. A circulação dos jornais também apresentou queda: 3,3% na medição semanal e 3,4% na dominical. Segundo o relatório, apesar do pequeno crescimento de receita apresentado pelo mercado digital, esse aumento não foi suficiente para cobrir as perdas do impresso.
“Nos últimos cinco anos, as receitas dos jornais têm mantido uma trajetória consistente: os anúncios do impresso têm produzido menos receita (queda de 5%), enquanto os anúncios digitais têm produzido mais receita (aumento de 3%). Mesmo assim, esse aumento de receitas digitais não tem sido suficiente para cobrir a queda de receita do impresso”, diz o relatório.
Porém, a pesquisa revela que, mesmo com essa queda na circulação, mais de 56% das pessoas ainda leem o jornal através da edição impressa. O relatório também aborda algo que já foi comentado em outros artigos neste Observatório da Imprensa: a mudança na maneira como os leitores consomem as notícias. De acordo com os dados do Pew Research Center, metade dos adultos entrevistados revelou consumir notícias sobre política através do Facebook, rede social em que o conteúdo que chega ao usuário é influenciado pelos amigos, pelas curtidas e, principalmente, pelos cálculos de um algoritmo.
As cinco grandes
Em 2014, 50 bilhões de dólares foram gastos em anúncios digitais, aumento de 18% em relação ao ano anterior. Banners e anúncios em vídeo foram onde as organizações de notícias arrecadaram mais. Porém, cinco empresas – Google, Facebook, Microsoft, Yahoo e AOL – ficaram com a maior parte desse total – cerca de 30,9 bilhões de dólares. Entre essas cinco companhias, o Google é a líder, com 19 bilhões de receita; já o Facebook continuou a apresentar crescimento em relação aos anos anteriores, arrecadando cinco bilhões de dólares, aumento de 52% em comparação a 2012, quando arrecadou 2,2 bilhões de dólares.
Jornalismo local
De acordo com o relatório do Pew, as organizações de notícias sem fins lucrativos podem ter um papel importante no ecossistema de notícias locais. Porém, devido a dificuldades na busca por fontes de receita, a capacidade de sustentabilidade dessas organizações pode variar drasticamente. O site Texas Tribune, com um orçamento em 2013 de mais de sete milhões de dólares, conseguiu montar uma redação com mais de 40 funcionários e, após receber um novo financiamento em 2014, pretende expandir e montar uma redação em Washington. Já o The Lens, site investigativo baseado em Nova Orleans, foi obrigado a reduzir a quantidade de reportagens produzidas devido à redução de receitas.