Os jornais impressos continuam a ser a principal fonte de notícias locais, ainda que a internet diminua a profundidade de sua cobertura, indica um estudo do Project for Excellence in Journalism do Centro de Pesquisa Pew, nos EUA. O instituto baseou o estudo, divulgado na segunda-feira (11/1), na análise de uma semana de notícias locais na região de Baltimore, no último verão americano. Foram monitorados 53 veículos de mídia, entre jornais, canais de TV e rádio e sites que operam exclusivamente na internet.
Os resultados da análise mostram que jornais e seus sites forneceram 61% das reportagens originais ou informações novas sobre seis grandes pautas desenvolvidas na semana entre 19 e 25 de julho. Canais de TV locais e seus sites foram responsáveis por 28% de informações inéditas, seguidos por estações de rádio e seus sites, com 7%, e veículos exclusivamente online, com 4%.
J. Montgomery Cook, editor do jornal Baltimore Sun, acredita que o estudo deveria ter analisado mais de uma semana. Um período maior ‘provaria mais claramente como o Sun é dominante e amplo comparado às outras mídias’, defende. Ainda que os resultados sejam positivos para os jornais impressos, grande parte destes veículos está ficando cada vez menor com a migração de leitores e anunciantes para a internet. Executivos de mídia afirmam que o problema está na perda de centenas de milhões de dólares de receita dos jornais para o Google, blogs e outros sites que desenvolvem seu conteúdo a partir da matéria-prima deles. Mas para os críticos que alegam que o fim dos jornais estaria próximo, vale refletir sobre uma frase de Tom Rosenstiel, diretor do Project for Excellence in Journalism. ‘Este estudo sugere que, se os jornais desaparecessem, o que sobraria para ser agregado [na internet]?’.
Redes sociais
O blogueiro de mídia Jeff Jarvis, autor de um livro sobre o Google, acredita que ainda é cedo para responder a esta pergunta. Jarvis, que leciona sobre o futuro da reportagem digital na City University of New York, é um dos que acreditam que os jornais impressos estão com os dias contados. ‘Nós podemos melhorar a internet para a cobertura de notícias locais. Ainda estamos no início desta transformação’, alega.
O curioso é que, em apenas uma semana, 80% da cobertura publicada e transmitida tratava-se de informação antiga em uma nova roupagem. Grande parte das ‘notícias’ recebidas pelo público não tinha nenhum dado original. E ainda que os jornais publiquem mais informações novas que os outros veículos, são as primeiras versões da notícia na internet que atraem a maior parte do público – em parte por conta de links espalhados pelas redes sociais, como Twitter e Facebook. Informações de Michael Liedtke [AP, 11/1/10].