A coalizão americana no Iraque e o Conselho de Governo Iraquiano ameaçaram banir do Iraque repórteres das principais emissoras árabes de notícias via satélite, al-Jazira e al-Arabiya. De acordo com um oficial do governo, os jornalistas dessas emissoras têm incitado a ira de religiosos extremistas no Iraque. O freqüente uso do termo ‘massacre’ e de imagens de mulheres e crianças ensangüentadas levaram oficiais dos EUA no Iraque a questionar o equilíbrio de suas reportagens. ‘Não há dúvidas de que se al-Jazira e al-Arabiya continuarem incitando violência e rixas sectárias nesse país… serão fechadas aqui’, disse Muafak Rube’i, conselheiro de Segurança Nacional do Iraque. Em uma coletiva de imprensa, criticou as emissoras árabes por estimular a agressão tanto de xiitas quanto de sunitas.
Segundo reportagem de Matthew Gutman [The Jerusalem Post, 12/4/04], o brigadeiro-general Mark Kimmitt, vice-comandante de operações americanas, também acusou a mídia árabe de tendenciosa, chegando a afirmar que al-Jazira e outras estão ‘espalhando mentiras’. Ao responder como os iraquianos devem reagir às imagens chocantes transmitidas pela TV, Kimmitt disse ‘mude de canal. Mude para uma estação legitimamente honesta. Mostrar soldados americanos matando apenas mulheres e crianças é uma mentira’.
O general John Abizaid, chefe do Comando Central dos EUA, também criticou a cobertura do Iraque pelas duas emissoras árabes. Abizaid disse que al-Jazira e al-Arabiya estavam passando a imagem de que a ação militar americana visa ‘propositalmente a atingir civis’. ‘Nós não fazemos isso de maneira alguma e acho que todo mundo sabe disso’, afirmou. Eles não têm sido verdadeiros ou precisos em suas reportagens, disse o general, de Bagdá, para repórteres em Washington.
Rainhas da cocada
Até os marines começarem a levar consigo jornalistas americanos embedded, por quase uma semana os dois canais foram os únicos a transmitirem notícias do conflito em Faluja. A proliferação dos discos de transmissão via satélite no Iraque no último ano deu maior poder de influência a al-Jazira e al-Arabiya no país. Apesar disso, cresce o número de líderes iraquianos e até telespectadores que duvidam da veracidade das versões dos fatos passadas pelos dois canais. Com informações da AFP [12/4].