Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Euforia na mídia americana

A mídia americana está a todo vapor com a proximidade do casamento real britânico, marcado para a manhã desta sexta-feira, 29. Sim, você não leu errado: mídia americana. Segundo uma pesquisa do instituto Nielsen, a cobertura do casamento do príncipe William com a plebeia Kate Middleton feita por veículos dos EUA ultrapassa por uma margem significativa a da mídia britânica.


Âncoras de emissoras americanas foram para Londres, e algumas redes pagarão até US$ 100 mil para comentaristas britânicos convidados – não muito convencionais, diga-se de passagem –, como a apresentadora de reality show Sharon Osbourne, mulher do cantor Ozzy Osbourne.


Diversos programas de canais a cabo viram no casamento real inspiração para edições especiais: há programas sobre bolos e vestidos de noiva. Na semana passada, o canal TLC exibiu Charles and Di: Once Upon a Time (Charles e Di: Era uma Vez), sobre a história do príncipe Charles e de Lady Di, pais do noivo. A CNN apostou em The Women Who Would Be Queen (As mulheres que seriam rainhas), com comparações entre Kate e Diana. Na MSNBC, um repórter foi às ruas de Nova York para averiguar se o cidadão americano comum saberia dizer o nome dos convidados da festa de casamento.


Confiança


As redes de TV garantem, de maneira otimista, que o horário da transmissão – 5 da manhã na costa leste e 3 da manhã na oeste – não será um problema. ‘Claro que seria melhor um outro horário, mas estou confiante que as pessoas irão assistir. Será um evento global’, diz Marc Burstein, produtor-executivo de eventos especiais da ABC News. A CNN investiu nas tecnologias digitais. ‘Focamos em nossos aplicativos digitais, para que os americanos possam assistir à cerimônia quando acordarem’, disse um porta-voz da rede, que enviou 50 funcionários a Londres.


Mas há uma excessão em meio à euforia: o âncora conservador (e meio rabugento, convenhamos) Bill O’Reilly, da Fox News. Ele anunciou recentemente no ar que não tem interesse na ‘velha rainha’ ou em ninguém da família real porque ‘eles roubaram tudo dos camponeses’. ‘Seria como celebrar, nos EUA, o casamento da tataraneta de Al Capone’, ironizou.


Desinteresse do público


Pesquisas recentes, no entanto, mostram que a confiança dos executivos de TV pode ser exagerada. Um estudo feito em parceria entre o New York Times e a CBS concluiu que apenas 6% dos entrevistados pretendem acompanhar a cerimônia atentamente, enquanto 38% não estão nem um pouco interessados. ‘Os EUA são um dos países menos informados do mundo, mas um dos mais envolvidos em entretenimento. Os americanos enxergam este evento como entretenimento e a família real como um grupo de celebridades’, acredita o comentarista William Norwich, correspondente especial da revista Town & Country. Há esperança, então. Com informações de Hadley Freeman [The Guardian, 27/4/11].