O médico e correspondente internacional da NBC News Bob Arnot não tem aparecido na televisão ultimamente. Seu contrato terminou em dezembro de 2003 e, de acordo com a emissora, não será renovado. O motivo da saída do médico foi pessoal, mas reflete a polêmica sobre a cobertura televisiva da guerra no Iraque.
Arnot havia sido enviado à Bagdá pela NBC News para cobrir a guerra. Ele ficou decepcionado com sua experiência e, em dezembro, escreveu um e-mail ao presidente da emissora, Neal Shapiro. Na longa mensagem, Arnot chamou a cobertura da NBC News de tendenciosa. Segundo ele, quando estava em Bagdá, estava ‘posicionado unicamente para reportar a história’. A NBC News, porém, usava suas imagens e apurações, mas recusava-se a deixar que ele próprio reportasse os fatos.
Ainda no e-mail, Arnot afirmou que o motivo para isso era que Shapiro achava suas reportagens muito positivas, mesmo ele estando em lugares privilegiados para a cobertura. Mas, segundo Joe Hagan [The New York Observer, 16/2/04] pelos corredores da emissora os comentários são um pouco diferentes. Alguns funcionários da NBC News dizem que ele era visto como um animador de torcida para os militares. Outros questionam sua precisão como jornalista. Por isso ele teria sido ignorado por diversas vezes durante acontecimentos importantes da guerra.
Quando a estátua de Saddam Hussein foi derrubada em Bagdá, por exemplo, o âncora do programa Nightly News Tom Brokaw não pôs Arnot no ar, mesmo ele sendo o único representante da emissora no país. Em vez disso, Brokaw utilizou a reportagem de um jornalista britânico de uma agência chamada ITN. Arnot não foi o primeiro empregado da NBC News a reclamar da cobertura da emissora no Iraque. E provavelmente não será o último.