Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Executivo deixa CNN após afirmação polêmica

O executivo-chefe da CNN Eason Jordan, responsável pela cobertura da emissora no Iraque, pediu demissão na sexta-feira, 11/2. Com a justificativa de que não queria que a CNN fosse prejudicada por um comentário feito por ele no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Jordan decidiu sair.

Num debate no mês passado, ele insinuou que alguns jornalistas mortos pelas forças da coalizão teriam sido atingidos propositadamente. O executivo rapidamente voltou atrás na alegação, dizendo que teria feito, na verdade, uma distinção entre os jornalistas mortos por estarem no lugar errado durante a queda de uma bomba e os atingidos por soldados americanos, que os confundiram com inimigos.

‘Eu nunca quis dizer que as forças dos EUA agiram intencionalmente na morte de jornalistas, e peço desculpas a quem pense que eu fiz esta afirmação’, declarou Jordan em mensagem aos colegas da CNN. O conteúdo do debate do qual participou em Davos deveria ser mantido em sigilo. Segundo pessoas presentes ao painel, porém, ele teria comentado que sabia de 12 profissionais de imprensa mortos por soldados da coalizão.

Segundo o deputado democrata Barney Frank, que estava presente, ‘ele deu a impressão de que houve uma política oficial de eliminação de jornalistas’. O político relatou que Jordan rapidamente voltou atrás, comentando que os soldados poderiam ter alvejado repórteres apenas por raiva, mas, ainda assim, deu a entender que ocorreram assassinatos deliberados.

O único caso específico mencionado pelo executivo foi o dos disparos de um tanque americano contra o Hotel Palestina, no centro de Bagdá, onde havia uma centena de jornalistas estrangeiros. O ataque, que segundo os militares foi resposta a atiradores que estariam no prédio, matou um cinegrafista da Reuters e outro da emissora espanhola Telecinco.

Como a fita da conferência segue não divulgada, não há forma de saber exatamente o que Jordan disse, afirma Howard Kurtz [The Washington Post, 8/2/05]. Ainda assim, o estrago espalhou-se rapidamente pela internet.

O sítio Easongate.com, criado para discutir o assunto, coordenou na semana passada a distribuição de uma petição à CNN, para que encontrasse a transcrição das afirmações de seu executivo-chefe e o demitisse se ele realmente tivesse dito que os militares americanos mataram jornalistas intencionalmente. Com informações de David Bauder [AP, 11/2/05].