As regras que permitiram aos jornalistas estrangeiros maior liberdade na China durante os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, expiram nesta sexta-feira (17/10). O governo ainda não informou, oficialmente, se elas continuarão a valer na próxima semana, o que torna difíceis previsões e especulações sobre o ambiente para a mídia internacional daqui em diante. ‘A China irá continuar a seguir as políticas de abertura e a facilitar o trabalho dos jornalistas estrangeiros no país’, prometeu, informalmente, o porta-voz do Ministério do Exterior, Qin Gang.
O Clube dos Correspondentes Estrangeiros da China não tem tanta certeza de que a promessa será cumprida. ‘Autoridades chinesas têm feito, há algum tempo, declarações positivas sugerindo que a abertura atual concedida à mídia continuará. Mas vamos esperar por uma declaração oficial’, afirma a jornalista Melinda Liu, membro do conselho do clube.
Rigidez
A ‘colher de chá’ aos jornalistas estrangeiros teve início no dia 1º de janeiro do ano passado, como parte das promessas do governo chinês para sediar os Jogos. Na teoria, os repórteres poderiam realizar entrevistas sem pedir consentimento a autoridades, além de poder viajar pelo país sem autorização governamental. Na realidade, muitos relataram que não foi bem isso que ocorreu. Algumas áreas – como a região do Himalaia – continuaram fechadas para profissionais de imprensa.
O Clube dos Correspondentes Estrangeiros registrou, desde o dia 1º de janeiro de 2007, mais de 335 casos de intervenção de autoridades no trabalho da mídia – como detenção de jornalistas e ameaças a fontes. Grupos em defesa da liberdade de imprensa ressaltam que a prometida ‘abertura’ abrangeu apenas o trabalho da mídia estrangeira; jornalistas chineses continuaram a atuar sob o rígido controle do governo. Informações da AFP [16/10/08].