O fotógrafo francês Eugène Atget capta as ruas vazias de Paris, enquanto o húngaro Brassaï registra a vida noturna da cidade, com imagens que brincam com sombras e ângulos. Michael Houlette, co-curador de uma exposição sobre fotografia em Paris nas décadas de 20, 30 e 40, afirma que a cidade fascinava muitos fotógrafos franceses e europeus no período entre-guerras.
A coleção, dividida sob três temas – imagens de Paris, nus e retratos e a manipulação artística de objetos banais –, é formada por 120 fotografias originais, com fotomontagens, fotogramas e fotocolagens. Entre os fotógrafos representados, estão, além dos franceses, belgas, americanos, húngaros, russos e alemães.
Revolução
Segundo o historiador de fotografia, colecionador e curador Christian Bouqueret, o período abordado pela exposição foi marcado, pelo menos em Paris, por uma verdadeira revolução fotográfica. ‘Antes do início do século 20, a fotografia se referia às pinturas. Nós vemos, nos anos 1920 e 30, novos tipos de imagens estritamente fotográficas. Esta foi a inovação deste período’, completa Houlette.
O francês Maurice Cloche é representado com uma foto perturbadora – uma cabeça feita de papel maché, com um corpo parcialmente visível e um par de tesouras cortando a boca. Fica claro que os fotógrafos presentes na exposição revelam em suas imagens que são produtos de sociedades saindo ou entrando em guerras. Na seção de nus, Dora Maar, uma das mulheres de Picasso, justapõe um retrato de nu frontal de uma mulher voluptuosa com sua silhueta distorcida em primeiro plano. O húngaro Andre Kertesz apresenta uma estranha contorção do corpo feminino.
A exposição, no Hotel de Sully, em Paris, foi inaugurada na semana passada e fica aberta até maio. Informações de Dheepthi Namasivayam [Associated Press, 12/2/09].