Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Faça o que eu digo, não o que eu faço

O ombudsman do Washington Post, Andrew Alexander, criticou, em sua coluna de domingo [5/4/09], a atitude do diário de não tornar públicas suas normas internas. Embora cobre transparência e credibilidade das instituições sobre as quais escreve, o jornal mantém seus padrões éticos e jornalísticos virtualmente inacessíveis aos leitores. Segundo Alexander, eles deveriam estar disponíveis online. ‘Organizações de mídia cobram transparência de vários setores da sociedade, como das agências de governo. Elas deveriam fazer o mesmo em relação a si próprias’, avalia Robert M. Steele, professor da Universidade DePauw, em Indiana.

No passado, jornais geralmente temiam que, caso revelassem suas normas, advogados poderiam usá-las contra repórteres e editores em acusações de calúnia. No entanto, juízes conseguem acesso a estas normas como parte de investigações judiciais, o que invalida este temor. Advogados dos jornais não vêem motivos racionais para esconder estas políticas dos leitores e, atualmente, diversos jornais, como o New York Times e o Los Angeles Times, divulgam suas normas na internet.

Atualização

As políticas do Post encontram-se em uma seção do manual de estilo que aborda temas como conflitos de interesses e fontes confidenciais. Entretanto, elas necessitam de atualização, para englobar também jornalismo online – o que deve ser prioridade na medida em que o Post irá integrar, este ano, suas operações.

Atualmente, a equipe do sítio segue as regras do jornal impresso. Raju Narisetti, chefe de redação responsável pela edição online, alega que a seção sobre padrões e ética deve ser atualizada a cada vez que surgirem novas questões éticas envolvendo a internet. São diversas as questões, como, por exemplo, padrões éticos para a edição de imagens e conteúdo em áudio; que tratamento dar a informações obtidas de redes sociais, como Twitter e Facebook; quais os procedimentos e cuidados para linkar conteúdo que não é do Post, dentre outras. No Los Angeles Times, esta formalização já começou oficialmente. No Post, ainda não.