Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Facebook e Twitter são brevemente liberados no Irã

Os iranianos tiveram acesso irrestrito ao Facebook e ao Twitter na segunda-feira (16/9), mas a alegria durou pouco: menos de um dia. A abertura relâmpago dos sites deixou muitos internautas imaginando se o acesso foi deliberado ou resultado de alguma falha técnica. As redes sociais estão bloqueadas no país desde que os grandes protestos antigoverno explodiram depois das disputadas eleições presidenciais de 2009. Há quem use um software VPN para acessar os sites, o que é ilegal.

No Irã, existe uma batalha entre os que pressionam por uma internet sem restrições em nome de mais liberdades pessoais e os linhas-dura, que sentem que devem proteger a sociedade de “influências perigosas”. O novo presidente do país, Hassan Rouhani, já prometeu, mais de uma vez, o afrouxamento das restrições à internet. O próprio Rouhani tem uma conta no Twitter, administrada por pessoas próximas a ele. Seu ministro do Exterior, Mohammad Javad Zarif, é ativo nos seus perfis no Facebook e no Twitter.

Linha tênue

Alguns políticos acreditam que o misterioso desbloqueio do Facebook e do Twitter no início da semana foi uma ação de certos grupos políticos para medir a reação dos internautas. “A atitude de segunda-feira foi um teste conduzido para ver o que as pessoas fariam se o Facebook e o Twitter fossem abertos. Aparentemente, os resultados não foram favoráveis, porque os sites foram fechados de novo”, disse uma fonte próxima ao novo governo. Essa também é a opinião de Farshad Ghorbanpour, analista político próximo ao governo. “Parece que as autoridades quiseram ver o que aconteceria se os sites ficassem abertos”, avaliou, acrescentando que isso não é comum no Irã.

O conhecido âncora de TV Reza Rashidpour, que fez campanha para Rouhani, parabenizou os iranianos pelo (breve) acesso irrestrito às mídias sociais, mas também fez um alerta: “Esperamos que o nosso povo se controle e nossos governantes sejam pacientes”. Um tuíte escrito por Rashidpour – “Oi, mundo, estamos tuitando sem restrição no Irã” – foi retuitado quase 900 vezes.

Já a ala política conservadora tende a achar que o episódio foi uma falha técnica. “Se foi de propósito, vamos confrontar os que estão por trás disso”, afirmou o juiz Abdolsamad Khoramabadi, conhecidamente linha-dura. Para ele, o Facebook está destruindo famílias e seria o responsável por 1/5 dos divórcios nos EUA. Na terça-feira (17/9), a agência de notícias semi-oficial Fars publicou um artigo apontando os perigos das mídias sociais e alegando que o Facebook estava tornando tênues as linhas entre público e privado. “Muitas mulheres escolhem fotos de perfil sem os véus islâmicos”, dizia o texto.