A paixão dos franceses pelo cinema e sua antipatia pelo presidente americano George Bush fizeram com que a estréia do documentário Fahrenheit 9/11 em Paris, na última semana, se transformasse em um grande evento.
A venda de ingressos para as primeiras sessões do filme, em uma tarde de quarta-feira, foi ‘extraordinária’, segundo a cadeia de cinemas MK2. Os números apresentados pela Mars Distribution, distribuidora francesa de Fahrenheit 9/11, mostraram que 4.372 pessoas assistiram ao documentário nesta primeira tarde em Paris.
Os jornais franceses também deram destaque à estréia. Mas, como não perdem a chance de criticar produtos americanos, sobraram farpas não só para o presidente Bush, mas também para o diretor Michael Moore. O diário Le Monde disse que ‘afirmar que ele foi coroado (em Cannes) por suas qualidades cinematográficas é prova de incompetência, pura mentira ou uma piada cínica’.
O filósofo superstar francês Bernard-Henri Levy chamou o filme de ‘desonesto’. ‘Michael Moore descreve o Iraque antes da intervenção americana como uma espécie de oásis de paz e felicidade… as coisas não eram assim’, disse ele em entrevista à rádio RTL. Levy afirmou ainda que foi contra a guerra do Iraque e considera Bush ‘uma catástrofe para a América’. Mas, mesmo assim, ‘Saddam Hussein também era um ditador horrível, e isso não está no filme de Moore’.
Já os jornal Libération elogiou o diretor. O comunista L’Humanité colocou um desenho em sua primeira página de Moore vestido de Estátua da Liberdade com um boné de baseball. Informações de Elaine Ganley [AP, 7/7/04].