O fotógrafo cubano Cristobal Herrera, que trabalhava como freelancer para a Associated Press em Havana, chegou aos EUA este ano vindo da Costa Rica, onde estava exilado. Herrera ganhou fama ao registrar duas imagens raras: um desmaio de Fidel Castro, em um discurso de três horas sob sol quente, em 2001, e uma queda do líder cubano em Santa Clara, em 2004. Ignorando conselhos de colegas e advertências do governo, ele as divulgou para todo o mundo. Resultado: teve de se mudar para a Costa Rica. ‘O governo cubano me proibiu de voltar ao meu país, sem me dar explicações. Este é o preço de se fazer fotojornalismo em Cuba’, afirma.
Autocensura
Herrera, sua mulher e filha optaram por se mudar da Costa Rica, onde moravam desde 2004, para Miami em busca de uma vida melhor. Assim que foi contratado pela AP, ele foi designado a cobrir o caso Elián González, menino cubano resgatado no mar em novembro de 1999 e, depois, a registrar as aparições públicas de Fidel.
Quando fotografou o desmaio do presidente cubano, funcionários do governo pediram que ele não enviasse as imagens para a agência. ‘Quando eu enviei algumas fotos para o escritório de Nova York, disse que se algo acontecesse comigo eles deveriam me arrumar um emprego na Sérvia ou no Afeganistão’, conta. Após o incidente, a mídia internacional passou a acompanhar Fidel mais de perto e a segurança do líder apertou o cerco aos correspondentes internacionais. Transmissões ao vivo de discursos de Fidel, por exemplo, deveriam ser feitas com um atraso de 10 segundos.
Na segunda queda, em 2004, o presidente quebrou um braço e machucou o joelho. ‘A maior parte dos fotógrafos deixou o local logo que o discurso acabou. Mas fiquei um pouco mais e registrei o tombo’, lembra. Dois outros profissionais, um oficial e outro de uma agência internacional, também conseguiram fotografar o incidente, mas optaram por não divulgar a imagem. ‘Os seguranças pularam em cima de mim, mas eu disse que não havia conseguido fotografar, que estava tudo fora de foco’, conta. Informações de Wilfredo Cancio Isla [El Nuevo Herald, 1/8/07].