Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

FBI investiga vazamento no governo Obama

Depois que dados altamente secretos de um ciberataque americano ao programa nuclear do Irã vieram à tona, o presidente dos EUA, Barack Obama, foi à sala de imprensa da Casa Branca para criticar aqueles que sugeriram que os responsáveis pelo vazamento eram assessores de segurança do alto escalão do governo. “A acusação de que minha Casa Branca poderia divulgar propositalmente informação secreta de segurança nacional é ofensiva e errada”, afirmou.

O FBI, no entanto, discorda da declaração do presidente. Segundo publicou o Washington Post no domingo (3/2), a agência abriu uma investigação agressiva sobre atuais e ex-funcionários governamentais suspeitos de envolvimento no vazamento – que revelou que Obama ordenou pessoalmente ciberataques ao programa nuclear iraniano usando um vírus de computador chamado Stuxnet. A matéria do New York Times que trouxe o furo, no fim de maio do ano passado, citou como fontes “membros da equipe de segurança nacional do presidente que estavam na ‘situation room’ [a sala de gerenciamento de crises superprotegida da Casa Branca]”.

Agora, diversos membros do círculo próximo a Obama estão recebendo promoções. O conselheiro-adjunto de segurança nacional, Denis McDonough, foi recém-nomeado Chefe de Gabinete. John Brennan, conselheiro de Contraterrorismo da Casa Branca, foi indicado ao cargo de diretor da CIA. Não se sabe, no entanto, quais são os alvos da investigação do FBI.

Inundação

A quantidade de vazamentos de informações confidenciais no governo Obama é enorme. O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, declarou no ano passado que o turbilhão de revelações é o pior já visto em sua carreira de 30 anos. A senadora Diane Feinstein, que lidera o Comitê de Inteligência do Senado, concorda e afirmou que, em 11 anos no cargo, nunca viu uma situação tão ruim. Os funcionários por trás dos vazamentos – que estão sendo chamados de “ObamaLeaks” – fariam Julian Assange e os membros do WikiLeaks parecerem amadores.

Além do caso dos ataques cibernéticos, há ainda diversas questões em informações vazadas para a imprensa. O Departamento de Justiça investiga o papel desempenhado por um agente duplo, recrutado em Londres pela inteligência britânica, na revelação de um plano de explosivos no Iêmen. Não são conhecidos os detalhes da campanha de aviões teleguiados da CIA – que incluiria a alegação de que o próprio Obama seleciona os nomes dos alvos em uma “lista de pessoas a serem assassinadas”. Também não se sabe como o NYTimes teve acesso a dados secretos de uma operação na Turquia, ajudando aliados a decidir quais opositores sírios iriam receber armas para lutar contra o governo sírio. Ou ainda a revelação de detalhes na operação que matou Osama bin Laden e que levou o então secretário de Defesa Robert Gates a visitar o conselheiro de Segurança Nacional de Obama, Tom Donilon, para aconselhar a Casa Branca a “calar a p#### da boca”. Juntos, os vazamentos formam uma verdadeira inundação.