Milhares de manifestantes se reuniram na manhã de quarta-feira [12/6], em Atenas, em protesto ao fechamento, no dia anterior, da rede estatal de rádio e TV ERT. A medida faz parte do plano de ações do governo para diminuir o inchado setor público do país em crise. Há três anos, a Grécia pediu ajuda financeira internacional e, agora, seus credores – o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu – cobram que o governo faça sua parte para enxugar a economia.
Entre os manifestantes, estavam muitos dos 2.900 funcionários demitidos. O governo afirmou que a rede será reaberta nos próximos meses, depois de uma reestruturação, com um quadro menor de funcionários. A ERT representava 1% da força de trabalho do setor público.
Canais privados de televisão suspenderam suas coberturas jornalísticas na manhã de quarta em solidariedade aos empregados da rede estatal, que tinha 75 anos de existência. Nos jornais, as manchetes traduziam o estado de choque e surpresa da população grega com a medida. “Você não pode simplesmente fechar uma televisão estatal”, afirmou uma professora que participava do protesto. “Que tipo de democracia nós somos? Não merecemos ser europeus”.
Solução rápida
O fechamento ocorreu um dia depois de falhar a tentativa de venda da companhia nacional de gás grega para a empresa de energia Gazprom, da Rússia. Atenas esperava que o negócio se concretizasse depois de uma série de encontros entre o primeiro-ministro Antonis Samaras e o executivo-chefe da estatal russa, Aleksei Miller.
Analistas dizem que a decisão foi um ato de desespero e uma solução rápida para a determinação do governo de cortar empregos públicos. Recentemente, o FMI criticou os governantes gregos por não terem tomado “medidas politicamente difíceis” para encolher o setor público desde que receberam a primeira ajuda externa, em 2010. As autoridades gregas prometeram demitir pelo menos quatro mil funcionários públicos este ano e 15 mil até o fim de 2014.
Os dois principais sindicatos do país anunciaram uma greve de 24 horas, na quinta-feira [13/6], para protestar pelo fechamento da rede. Funcionários de jornais diários também planejam uma paralisação. Desafiando o governo, funcionários da ERT continuaram a transmitir seus programas na quarta-feira via TV digital e pela internet.