Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Filho de empresário abafou caso, diz editor

Colin Myler, editor do tablóide londrino News of the World, declarou diante de um comitê parlamentar na terça-feira [21/7] que James Murdoch, filho do magnata de mídia Rupert Murdoch, aprovou um acordo de US$ 1,1 milhão para encerrar acusações de grampos telefônicos contra o jornal.


O pagamento teria sido feito a Gordon Taylor, presidente da Associação de Jogadores de Futebol Profissionais, cujo telefone teria sido grampeado pelo tablóide. O acordo foi resolvido em 2008 durante uma reunião entre James Murdoch, Myler e Tom Crone, advogado da companhia. ‘Foi uma decisão conjunta’, disse Myler. ‘É assim que jornais funcionam’.


Há duas semanas, o jornal Guardian publicou reportagem onde dizia que dois tablóides da News Corporation, conglomerado de Rupert Murdoch, teriam feito uso de detetives particulares e grampos ilegais para ‘investigar’ a vida de celebridades e figuras políticas no Reino Unido. O Guardian afirmava ainda que teriam sido feitos acordos financeiros milionários para abafar os casos. A companhia, até agora, negou veementemente as acusações. ‘Se estes pagamentos tivessem ocorrido, eu saberia’, declarou Rupert Murdoch.


Precedente


Em 2007, o editor Clive Goodman, responsável pela cobertura da família real britânica no News of the World, foi condenado a quatro meses de prisão depois de grampear telefones celulares de membros da família. Glenn Mulcaire, detective contratado por ele para cuidar dos grampos, foi condenado a seis meses. Após o escândalo, Andy Coulson, editor do jornal, pediu demissão.


Agora, a reportagem do Guardian reacendeu o debate sobre práticas questionáveis usadas pelos tablóides sensacionalistas no Reino Unido, sempre em busca de escândalos. Em 2006, por exemplo, um relatório do Information Commissioner, órgão independente que cuida do acesso a informação e proteção de dados pessoais, concluiu que jornais contratavam, com frequência, detetives particulares. Agora, a Scotland Yard afirmou que iria investigar estas alegações. Informações de Tim Arango [New York Times, 23/7/09].