Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Folha de S. Paulo


MÍDIA NOS EUA
Luciana Coelho


Site de jornal concentra leitores na internet


Novo relatório sobre a mídia noticiosa nos EUA lançado pelo Pew Research Center mostra que, embora a circulação dos jornais caia naquele país e a dos sites suba, são as versões on-line de jornais de reputação consolidada e outros veículos noticiosos igualmente enraizados (como TVs e rádio) que atraem a maior fatia de leitores.


‘A audiência está migrando on-line quase sempre para veículos tradicionais, embora os anunciantes não a estejam seguindo’, diz Tom Rosenstiel, diretor do Projeto para a Excelência no Jornalismo do Pew.


Rosenstiel falou em um debate na semana passada em Washington, reproduzido no site do Pew, sobre o relatório ‘O Estado da Mídia em 2009’ -700 páginas sobre os rumos e as tendências do setor com base em pesquisas de opinião do instituto Nielsen e análises.


Segundo o estudo, dos 4.600 sites noticiosos que o Nielsen acompanha, os 7% principais acumulam 80% do tráfego. São 199 sites com mais de 500 mil visitas por mês, 67% dos quais são considerados veículos tradicionais de mídia -96 deles, ou 48%, são de jornais.


Outros 13% são os chamados agregadores de notícias, como o Google News, cujo estofo é também o conteúdo de jornais e agências de notícias bem estabelecidos -o que, por sinal, é objeto de contestações legais nos EUA, na Europa e na América Latina. Apenas 14% dos sites noticiosos com grande leitorado nasceram na internet.


O Pew conclui ainda que o leitor se atém mais aos veículos tradicionais: uma visita média a um site noticioso dura três minutos e quatro segundos, mas num site como o do jornal ‘New York Times’, por exemplo, o leitor gasta um minuto mais do que em um agregador.


O mesmo ecoa em blogs e sites de relacionamento, em que links de notícias são frequentemente postados. Segundo o estudo, ‘quase 80% deles são da mídia tradicional dos EUA’.


Isso não significa que o cenário esteja róseo para os jornais americanos. No período de 12 meses até setembro de 2009, a circulação de jornais nos EUA encolheu 10,6%. A receita caiu 26% em média -há uma migração de anunciantes, embora a eficácia dos anúncios on-line seja discutível, argumenta o Pew, citando que 35% de seus entrevistados nunca clicaram em um deles.


Mas indica que, passada uma década da consolidação do on-line, não há colapso da indústria, como alguns cenários apocalípticos anteviram. O que há é uma expansão e uma multiplicação do formato e das plataformas em que o conteúdo produzido por um veículo é oferecido e que deve tomar mais fôlego com acessórios de leitura digital como o Kindle e o iPad.


‘Os jornais não estão desaparecendo aos baldes’, afirma o estudo. ‘Apenas meia dúzia saiu do negócio ou abandonou a publicação impressa em 2009, a maioria dos quais era o número 2 em sua região.’


 


Financial Times


Para enfrentar o ‘NY Times’, Murdoch reduz preço de anúncio


Às vésperas do lançamento da edição nova-iorquina do ‘Wall Street Journal’, a News Corp. (empresa de Rupert Murdoch e proprietária do conhecido jornal de economia e do ‘New York Post’, entre outros) está oferecendo descontos agressivos na publicidade.


Segundo pessoas com conhecimento dos planos, a ação tem como alvo direto o ‘New York Times’ e acontece pouco antes do lançamento do ‘Wall Street Journal’ na sua versão de Nova York, que ocorre no dia 26.


Em uma apresentação para anunciantes em potencial, a News Corp. ofereceu descontos de 79% a 83% para anúncios de página inteira no ‘New York Post’ e no ‘Wall Street Journal’.


A estratégia de Murdoch lembra a guerra de preços de jornais iniciada por ele em meados da década de 1990 no Reino Unido e ações anteriores que ajudaram a expandir o seu império jornalístico da Austrália (seu país de origem) até os Estados Unidos.


 


TECNOLOGIA
Justine Lau, Andy Ho e Kathrin Hille, Financial Times


Poucos dias após estreia nos EUA, China já vende iPad no mercado paralelo


A maioria dos fãs da Apple fora dos Estados Unidos podem por enquanto apenas sonhar em adquirir um iPad, o mais recente aparelho da fabricante do iPhone. Mas o mesmo não se aplica aos fãs da Apple na China.


O esguio computador ‘tablet’, sensível ao toque, oficialmente só chegou às lojas dos EUA no final de semana passado, mas algumas lojas da China continental e de Hong Kong começaram a vender iPads importados no mercado paralelo já no começo da semana. A chance de comprar o aparelho mais cedo, no entanto, tem seu preço: os importados paralelos comercializados em Hong Kong são vendidos com ágio de 50% em relação ao preço norte-americano de US$ 500.


China e Hong Kong apresentam vibrantes mercados paralelos, nos quais os consumidores podem adquirir produtos importados de forma extraoficial -ou seja, aparelhos legítimos, mas não destinados a esses mercados- da maioria das marcas estrangeiras conhecidas.


Desde que os consumidores estejam dispostos a pagar mais, podem comprar praticamente qualquer coisa, de bolsas a aparelhos eletrônicos, antes da data oficial de lançamento. O volume de vendas na China continental pode ser impressionante, com o mercado paralelo respondendo por diversas vezes mais vendas que o mercado oficial posterior.


Quando o iPhone importado começou a ser vendido no mercado paralelo chinês, em 2007 -dois anos antes que o aparelho fosse colocado oficialmente à venda no país-, o modelo mais simples custava acima de 9.800 yuans (US$ 1.300), mais que o dobro do preço de varejo praticado nos Estados Unidos.


No entanto, a história no caso do iPad parece estar sendo diferente. A Apple não anunciou oficialmente quando colocará o aparelho à venda em Hong Kong, mas os preços já estão caindo devido à ampla disponibilidade e à demanda inferior à esperada.


No popular Sincere Podium, um shopping center dedicado ao comércio paralelo em Mongkok, um dos bairros comerciais mais movimentados de Hong Kong, as lojas chegam a vender o iPad de 16 gigabytes -o modelo mais barato- por cerca de 5.900 dólares de Hong Kong, ou um acréscimo de 50% em relação ao preço praticado nos Estados Unidos.


Mas uma dessas lojas, a DHC Mobile, reduziu os preços em cerca de 7% do começo da semana para cá. A empresa vendeu cerca de 160 iPads e ainda tem 60 em estoque. Andus Lau, o proprietário da loja, afirma que o iPad vem apresentando cerca de ‘metade da popularidade’ conquistada pelo iPhone à época de seu lançamento.


Tradução de Paulo Migliacci


 


PUBLICIDADE
Mariana Barbosa


Brasileiro aprova propaganda, diz pesquisa


Em um movimento de valorização da indústria da propaganda, a Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) divulgou ontem uma pesquisa que mostra que o brasileiro gosta e reconhece a importância do setor.


Enquete feita pelo Ibope Inteligência mostra que 67% dos entrevistados consideram que a propaganda tem alguma ou muita importância para a sua vida. Para 53%, a propaganda tem uma boa influência, enquanto apenas 7% consideram essa influência negativa.


Apesar de gostar e valorizar a propaganda, a maioria dos entrevistados (61%) defende algum tipo de restrição à atividade, seja para algumas categorias de produto ou em termos de limitação de horário de veiculação dos comerciais.


Dentre as categorias de produto em que a publicidade deveria ser restringida ou limitada de alguma forma, o campeão é o cigarro: 64% defendem a proibição, e outros 21% defendem algum tipo de restrição.


Em seguida vêm bebidas destiladas (75% querem proibir ou restringir), cerveja (70%) e vinho (69%). Em contrapartida, 74% dos entrevistados defendem a liberação total das campanhas de medicamentos.


Para 80%, não deve haver restrições à publicidade de alimentos como balas, doces e salgadinhos. Por fim, 85% são favoráveis à liberação total da propaganda de brinquedos.


Para Nelsom Marangoni, presidente do Ibope Inteligência, a demanda por restrições na propaganda aumenta com a classe social. ‘A classe alta, por ter mais conhecimento, sabe o impacto da propaganda e, por isso, é mais crítica.’


Marangoni sugere a divulgação do órgão de autorregulamentação, o Conar, como forma de conquistar os mais críticos. ‘Se esse grupo sentir que existe uma autorregulamentação que funciona, você consegue conquistá-lo.’


Para o presidente da Abap, Luiz Lara, a defesa da liberdade de expressão e da autorregulação é fundamental.


‘A liberdade de expressão comercial é um direito inalienável e uma forma até de garantir a liberdade de imprensa’, disse Lara ontem durante o 7º Ebap, Encontro Brasileiro de Agências de Publicidade, no Rio de Janeiro.


‘E o fórum adequado para discutir a conduta e a ética do setor é o Conar.’


Pesquisa inédita


É a primeira vez que o setor de publicidade encomenda uma pesquisa do gênero.


Depois de ter a imagem arranhada pelo escândalo do mensalão em 2005 -que revelou esquema de corrupção por meio da agência de publicidade de Marcos Valério- e ser alvo de tentativas de restrição por parte de órgãos do governo federal, como a Anvisa, a publicidade partiu para a ofensiva.


Recentemente, a Abap lançou uma campanha publicitária com filmes para rádio, TV e mídia impressa com mensagens sobre a importância econômica da atividade.


Nos últimos anos, o setor também buscou uma articulação no Congresso Nacional, que resultou na criação da Frente Parlamentar da Comunicação Social.


Com o apoio da frente, o setor conseguiu aprovar uma lei para regulamentar a propaganda. O projeto de lei 197/2009 está na Casa Civil e só aguarda a sanção do presidente Lula.


Na pesquisa encomendada ao Ibope, 49% dos entrevistados avaliam positivamente a propaganda para crianças (com notas de 8 a 10) e apenas 5% consideram negativa esse tipo de publicidade (notas de 0 a 2).


Para a pesquisa, o Ibope entrevistou 2.000 pessoas das classes A B e C em nove cidades.


Mas, enquanto a propaganda de produtos e serviços é bem avaliada pela população, a propaganda partidária em época de eleições tem um índice de rejeição de 76%.


 


TELEVISÃO
Audrey Furlaneto


Novela das seis cria Paraíso com efeitos especiais


Uma semana no morro Dona Marta, algum tempo em centros espíritas e pesquisas na Oscar Freire, uma das ruas do comércio mais sofisticado de São Paulo. O pacote eclético é parte do laboratório que será levado ao ar a partir de segunda em ‘Escrito nas Estrelas’.


Mais uma novela espírita da Globo, esta, das 18h, não terá os verdes gramados que faziam as vezes de Paraíso em ‘A Viagem’ (1994). Terá, por outro lado, efeitos especiais.


A trama: o jovem Daniel (Jayme Matarazzo), filho de Ricardo Aguillar (Humberto Martins), morre e é recebido no ‘Céu’ pelo anjo Seth (Alexandre Rodrigues).


Segurado por cabos (invisíveis com o fundo verde do estúdio), o jovem sobrevoa o Rio com o anjo, passando por túneis e morros. Em alguns casos, os atores gravaram cenas na água -e o espectador os verá alçando voo pela cidade. Já o Paraíso é mais lúdico, segundo o diretor Rogério Gomes (de ‘Sinhá Moça’, ‘Paraíso’, entre outras). ‘Até tentamos cenários naturais bonitos, como o Pico das Agulhas Negras, mas não gostamos. O lúdico ficou melhor’, diz. O ‘outro lado’ da vida terá fotografia estourada, muita luz e cores.


A favela, de onde vem a heroína-protagonista, também é ‘lúdica’: a Globo construiu um barraco no Dona Marta, favela em Botafogo, zona sul do Rio. É de lá que saem cenas de ação da novela, em que Viviane (Nathalia Dill), boa e humilde moça da favela, foge de policiais.


A atriz teve a câmera presa ao corpo enquanto corria. A ideia é causar sensação de ‘caos’ no espectador. No meio da fuga, ela entra no carro de Daniel e sofre com ele o acidente, que levará à morte do rapaz.


O texto, de Elizabeth Jhin, tem como uma das inspirações o filme ‘Asas do Desejo’, de Wim Wenders. No longa de 1987, o efeito dos voos dos personagens era ‘toscão’, bem menos ‘high-tech’ que os da Globo, na opinião do diretor. Sem tanta tecnologia, a novela terá as muitas aparições de Daniel, todo vestido de branco.


Seu pai descobre que ele havia congelado sêmen para uma pesquisa e buscará a mulher ideal para gerar o futuro neto. A moça da favela é candidata, é claro. Mas vai concorrer com a fútil Beatriz, vivida por Débora Falabella. Foi ela quem fez laboratório longe de centros espíritas, passeando na luxuosa rua Oscar Freire.


ESCRITO NAS ESTRELAS


Quando: estreia na próxima segunda, às 18h, na Globo


Classificação: livre


 


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