O funcionário do governo americano que revelou ao repórter Walter Pincus, do Washington Post, que Valerie Plame, mulher do ex-embaixador americano Joseph Wilson, é agente secreta da CIA, se apresentou ao promotor especial que investiga o caso, Patrick J. Fitzgerald.
Notório opositor da política de George W. Bush, Wilson foi enviado à África antes da invasão do Iraque para investigar se Saddam Hussein teria tentado comprar material radioativo ali. Em julho do ano passado, ele escreveu artigo em jornal criticando o presidente americano por ter dito em seu discurso de Estado da União que Saddam tentou obter urânio no Níger. Uma semana depois, o colunista Robert Novak, que tem seus textos publicados em diversos jornais nacionalmente, revelou que Valerie é uma agente, deixando a impressão de que o vazamento desta informação fora uma represália da Casa Branca.
Em outubro, Pincus escreveu matéria para o Post contando que um funcionário do governo havia lhe revelado a função da mulher de Wilson quatro meses antes, assim como o fizera com Novak. Esta fonte, que agora se apresentou à justiça e cuja identidade ainda não foi tornada pública, pode ter cometido crime ao dizer que ela é agente da CIA. O veterano jornalista foi intimado a depor no processo que investiga o vazamento, mas em nenhum momento entregou sua fonte.
Profissionais de outros grandes veículos americanos também foram convocados pelo juiz Thomas F. Hogan, gerando resistência por causa do direito de sigilo de fonte. Ainda na semana passada, o tribunal editou ordem para que a repórter do New York Times Judith Miller se apresentasse para depor, sendo que ela sequer publicou matéria sobre o assunto. Sabe-se, no entanto, que Judith também falou com fontes confidenciais sobre a identidade da mulher do ex-embaixador. Hogan argumenta que sua intimação para a jornalista deve-se ao fato de que sua contribuição para o caso pode ser definitiva para culpar ou inocentar a fonte do vazamento. Com informações do New York Times [17/9/04] e do Washington Post.[16/9/04].