Gostaria de parabenizar o autor pelo artigo ‘Esta cerveja não desce redondo’. A síntese feita por Alberto Dines sobre as razões pelas quais o noticiário sobre negócios nem sempre tem a mesma qualidade que outros tópicos é real. Todavia, acredito valer a pena enfatizar um aspecto: muitas vezes os repórteres que coletam as informações entendem o assunto de forma muito superficial, de tal maneira que a matéria resulta pouco útil. Primeiramente porque quem pertence ao meio empresarial ou se interessa pelo assunto tem melhores fontes de informação. Para os outros leitores a manchete basta.
Para ilustrar esse superficialismo, detalho o que se passou comigo quando eu era trainee de um banco de investimento inglês no Brasil. Um repórter ligou, sexta-feira no fim da tarde, buscando informações sobre tendências no mercado de emissões de debêntures. Comentei o assunto com o conhecimento de quem nunca tinha trabalhado nessa área e sabedor de que as perspectivas eram nulas em função da elevada taxa de juros naquele período.
Para minha surpresa foi publicado um artigo no jornal como resultado dessa conversa, e a fonte citada, em vários pontos do artigo, um ‘executivo de um banco de investimento inglês’, ou seja, eu. Nos 10 anos em que trabalhei no mercado financeiro brasileiro vi isso acontecer dezenas de vezes. Pessoas desinformadas falando do que não entendiam resultando em matérias inexatas. Talvez uma saída para isso seria o mercado de imprensa buscar profissionais de outras áreas para prestar consultoria e fazer as matérias.
Pedro Conde Martins, importador, Auckland, Nova Zelândia
Com lingüiça
Além de tudo, vale ressaltar que nem esse texto ‘desce redondo’, pois o autor enrolou, ‘encheu lingüiça’ e nada esclareceu. Bem que o velho guerreiro já dizia: ‘Quem não se comunica…’
Walter Jr., jornalista, São Paulo
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Esta cervejada ‘não desce redondo’ – A.D.
Publicidade pagodeira
Não entendo toda esta celeuma envolvendo o cantor Zeca Pagodinho e a sua participação na mais nova campanha publicitária da Brahma. Se ele traiu alguém foi uma empresa que vende cervejas e outra que produz comerciais para esta mesma empresa. Logo, podemos concluir que a traição foi a dois grupos que não primam muito pela ética, cujo objetivo é seduzir em comerciais crianças, adolescentes e jovens adultos ao consumo de bebida alcoólica, utilizando-se de atrativos, a maioria enganosos ou parcialmente enganosos, como a imagem de mulheres associadas a produtos (no caso, a cerveja). Quem são os publicitários para reclamarem ética? Não são eles que trocam as suas ‘preferências’ por dinheiro? Não são os publicitários que, por dinheiro, aceitam fazer propaganda de qualquer produto? Se Zeca Pagodinho errou foi ao aceitar participar deste esquema sujo de sedução de menores, desta ‘pedofilia’ midiática.
Não sou contra comerciais, pois o mundo capitalista os exige. No entanto, a propaganda deve enaltecer e/ou descrever as características de um produto, ou seja, centralizar-se naquilo que deve ser vendido, e não no que o produto pretensamente pode mudar na vida da pessoa que o consome. Portanto, publicitários, deixem a hipocrisia de lado e aceitem este vale-tudo da propaganda. Ë evidente que me refiro apenas aos publicitários antiéticos, geralmente prestadores de serviço das grandes corporações.
Anderson Almir dos Santos, estudante, Florianópolis