Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Ganhador do Pulitzer, Rob Kuznia deixou jornalismo em 2014

Comemoração (Foto: Robert Casillas, Daily Breeze)

Kuznia comemora a vitória (Foto: Robert Casillas, Daily Breeze)

Um dos ganhadores do Pulitzer de 2015, Rob Kuznia abandonou o jornalismo em julho de 2014 em busca de um emprego melhor. Prestes a completar 40 anos, Kuznia começou a ficar assustado: até conseguia pagar o aluguel com o salário recebido em um pequeno jornal da Califórnia, mas o dinheiro não sobrava para mais nada. Além disso, as longas horas de um trabalho estressante estavam fazendo mal a sua saúde. “Eu tinha, cada vez mais, manifestações físicas do estresse”, conta ele, que trabalhou por cinco anos no Daily Breeze, na cidade de Torrance.

Quando soube de uma vaga de emprego de Relações Públicas na Shoah Foundation, com um aumento significativo de salário, Kuznia, “com o coração partido”, aceitou. “Eu estaria deixando uma profissão que eu sentia que estava começando a dominar para fazer algo completamente diferente – justamente no momento em que estava encontrando meu ritmo”. Por outro lado, “o jornalismo local é um lugar assustador para se estar, especialmente na minha idade”, pondera.

Kuznia recebeu o Pulitzer de Reportagem Local, junto com a também repórter Rebecca Kimitch e o editor Frank Suraci, por uma investigação de seis meses sobre corrupção no sistema educacional de uma das regiões mais pobres e com pior desempenho escolar do Condado de Los Angeles. Ele sabia que o Daily Breeze – que conta com sete repórteres locais e 63 mil assinantes – havia inscrito o trabalho na premiação, mas, competindo com outros dois mil concorrentes, não considerava realista ganhar o prêmio.

“A vitória é um bom lembrete de que jornalistas não estão falando da boca para fora quando dizem que jornais locais podem realmente fazer a diferença no mundo. Mas é também um não tão bom lembrete do quão miserável está a situação do jornalismo local”, lembra o jornalista Jordan Weissmann em artigo na Slate.

Violência doméstica

O prêmio de Serviço Público, maior categoria do Pulitzer, foi para o jornal The Post and Courier, de Charleston, na Carolina do Sul, por uma série intitulada “Até que a morte nos separe”, que investigou por que o estado está entre os mais letais para mulheres vítimas de violência doméstica nos EUA.

O New York Times levou três prêmios: nas categorias de Fotografia e Jornalismo Internacional, ambas com pautas sobre o surto de Ebola, e em Reportagem Investigativa por um trabalho sobre lobby político. Este último foi dividido com o Wall Street Journal, premiado por uma reportagem sobre a privacidade de dados no programa de saúde do governo Obama.

A lista completa dos ganhadores de 2015 pode ser vista no site do Pulitzer.