Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Governo afegão tenta impedir relatos de violência

O governo do Afeganistão determinou esta semana que notícias sobre novos casos de violência no país não devem ser reportadas nesta quinta-feira [20/8], dia da eleição presidencial. Desde a semana passada, a capital Cabul já sofreu três grandes ataques orquestrados pelo Talibã. Na quinta, há a ameaça de ataques suicidas em locais de votação em todo o país. Temendo que as notícias da onda de violência prejudiquem o pleito, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma declaração afirmando que organizações de notícias devem evitar ‘a transmissão de qualquer incidente violento’ entre seis horas da manhã e oito da noite do dia da eleição, para garantir ‘uma grande participação da população afegã’ nas urnas.


Outra declaração do Ministério dizia que jornalistas devem permanecer longe de locais atacados até que investigadores possam examiná-los. Nesta quarta-feira [19/8], policiais já impediram jornalistas de chegar perto de um ataque a um banco de Cabul, ameaçando repórteres com armas apontadas para suas cabeças e atingindo outros com cassetetes. Um dos policiais gritou com os jornalistas, dizendo que as imagens registradas por eles ‘ajudam os inimigos’.


Críticas


Um porta-voz do Ministério afirmou que a ordem é necessária para proteger a segurança nacional. Jornalistas locais, entretanto, condenaram as proibições estabelecidas pelo governo, alegando que elas violam a constituição. ‘Não vamos obedecer a esta ordem. Vamos continuar com nosso trabalho, reportando as notícias’, declarou Rahimullah Samander, presidente da Associação de Jornalistas Independentes do Afeganistão.


A organização Repórteres Sem Fronteiras também criticou a ordem, afirmando que ela ‘não só viola a liberdade de imprensa como também um direito fundamental dos cidadãos afegãos de saber o que acontece em seu país’. Informações de Rahim Faiez e Heidi Vogt [Associated Press, 19/8/09].