O governo de Ruanda suspendeu a programação da BBC na língua Kinyarwanda, acusando a rede britânica de prejudicar os esforços pela unidade nacional e reconciliação de etnias no país. A questão teve início no programa semanal Imvo n’Imvano (algo como ‘O cerne do problema’), que entrevistou o ex-primeiro-ministro Faustin Twagiramungu, que hoje vive no exílio na Bélgica. Twagiramungu declarou que, como pertence à etnia Hutu, não poderia ceder ao pedido dos Tutsi para que se desculpasse pelo genocídio de 1994.
A BBC afirmou em seu sítio, no domingo (26/4), que o editor do programa negou que houvesse parcialidade em seu conteúdo e que o governo de Ruanda recusou a oferta de enviar um porta-voz oficial para ser entrevistado. O genocídio de 1994 durou cerca de 100 dias, e a ONU estima que tenha deixado 800 mil mortos, em sua maioria Tutsis e Hutus moderados.
A ministra da Informação de Ruanda, Louise Mushikiwabo, classificou a programação da BBC de ‘um verdadeiro veneno’ para a reconciliação da população ruandesa. ‘Não podíamos mais tolerar isso. O governo de Ruanda deve protestar duramente até que a BBC nos dê garantias de um jornalismo responsável’, afirmou. Uma lei nacional proíbe qualquer referência étnica em uma tentativa de estimular a convivência pacífica entre membros das duas etnias. Informações da AFP [26/4/09].