O governo provisório da Tunísia fechou o Hannibal TV, um dos mais populares canais do país, na noite de domingo [23/1]. Segundo uma agência de notícias estatal, a emissora privada estaria tentando ‘abortar a revolução dos jovens, espalhar confusão, incitar conflitos e transmitir informações falsas’ que poderiam ‘criar um vácuo constitucional e desestabilizar o país para levá-lo a uma espiral de violência com o objetivo de restaurar a ditadura do ex-presidente’. O dono do canal foi preso.
Um porta-voz do Hannibal afirmou que o governo simplesmente interrompeu o sinal, sem aviso ou explicações. ‘O dono apoiava a revolução, dando voz às pessoas’, afirmou. A Tunísia encontra-se em crise depois que protestos contra o desemprego, liderados por jovens e estudantes, acabaram crescendo a tal ponto que obrigaram o presidente Zine el-Abidine Ben Ali, criticado pelo autoritarismo político, a deixar o país. Um governo de coalizão foi instalado, mas ainda conta com muitos membros do antigo partido de situação, incluindo o primeiro-ministro, Mohamed Ghanuchi – o que tem provocado ainda mais protestos. Eleições serão realizadas em seis meses.
Teste
O dono da emissora seria parente da mulher de Ben Ali. Ainda assim, o canal não teria relação lá muito amigável com o governo. Desde a queda do presidente, sua programação política e noticiosa tem, em grande parte, ecoado as manifestações pela saída do antigo partido de situação do governo de transição.
Na manhã de segunda-feira [24/1], o Hannibal voltou ao ar. Mas o breve fechamento foi suficiente para aumentar as críticas às autoridades do antigo regime, e o destino do canal é visto como um importante teste para o compromisso do governo interino com as liberdades civis. Com informações de David Kirkpatrick [The New York Times, 23/1/11].