O governo militar das Ilhas Fiji deportou Evan Hannah, publisher australiano do Fiji Times, na semana passada, depois de declarar que ele constituía uma ‘ameaça à segurança nacional’. Desde que o primeiro-ministro Frank Bainimarama assumiu o poder, em um golpe de Estado, em 2006, o bloqueio à liberdade de expressão vem crescendo no país. O editor do Fiji Times Netani Rika e jornalistas do diário sofrem com ameaças há 18 meses, por criticarem o governo. Para o ministro do Exterior da Austrália, Stephen Smith, a deportação de Hannah foi um ‘ataque repreensível do governo interino ilegal de Fiji aos direitos humanos e à liberdade de expressão’.
Mídia ameaçada
Um soldado escoltou Hannah no vôo da Korean Airline até Seul – mesmo após o publisher ter conseguido uma determinação da Suprema Corte que adiava sua deportação. Segundo o governo, ele agiu de ‘maneira prejudicial à paz, defesa, segurança pública, moral pública, saúde pública e boa administração das Ilhas Fiji’. ‘Os interesses de segurança do Estado Autônomo de Fiji são de grande importância. Hannah foi alertado das conseqüências de suas ações. Ele, no entanto, optou por ignorar isto’, acusou o ministro da Defesa e Segurança Nacional, Ratu Epeli Ganilau. Hannah não foi o primeiro a ser deportado. Em fevereiro, Russell Hunter, publisher australiano do rival Fiji Sun, teve de voltar a seu país de origem depois de criticar o governo de Bainimarama.
O Fiji Times é de propriedade de Rupert Murdoch, dono do império de mídia News Corporation. A companhia condenou a deportação de Hannah. O editor do diário afirmou que o jornal não amenizaria as críticas ao governo. ‘Para nós no Fiji Times, [a deportação] significa apenas que agora sabemos que o governo não irá lidar de maneira suave com os pontos de vista dissidentes, mas também significa que temos um papel ainda mais importante em garantir que sejam tornadas públicas as opiniões do povo deste país, incluindo as sobre o governo’. Ao chegar na Austrália, Hannah disse que sua deportação é mais uma demonstração de que o governo interino não entende o conceito de liberdade de expressão. Informações de Malakai Veisamasama [Thomson Reuters, 2/5/08] e da ABC [3/5/08].