Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Terça-feira, 7 de dezembro de 2010 REGULAÇÃO Andreza Matais Governo estuda regular conteúdo de rádio e TV A primeira versão do projeto do governo para o setor de telecomunicação e radiodifusão prevê a criação de um novo órgão, a ANC (Agência Nacional de Comunicação), para regular o conteúdo de rádio e TV. A Folha teve acesso à minuta da proposta, batizada de Lei Geral da Comunicação Social. O texto tem cerca de 40 páginas e vem sendo mantido em sigilo. É resultado do grupo de trabalho criado há seis meses e coordenado pelo ministro Franklin Martins para discutir um novo marco regulatório para o setor. A nova agência para regular conteúdo substituiria a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e teria poderes para multar empresas que veicularem programação considerada ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário. O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse à Folha que não tem ‘opinião formada’ sobre a mudança. O texto prevê ainda a proibição que políticos com mandato sejam donos ou controlem rádio e TV. A atual legislação proíbe apenas que eles ocupem cargos de direção nas empresas. Não está claro no anteprojeto se a vedação atingiria quem já tem concessões. Levantamento da ONG Transparência Brasil aponta que 160 parlamentares têm concessões de rádio e TV. O ministro já afirmou que o governo Lula não vai encaminhar o projeto ao Congresso, e sim entregá-lo a Dilma Rousseff como sugestão. Caso Dilma decida enviar a proposta ao Congresso, o texto pode sofrer alterações e passar por consulta pública. Se a lei for aprovada, o funcionamento da agência será detalhado em decreto. Na semana passada, Lula disse, em entrevista, que Dilma fará a regulação. O processo de outorga de novos canais ou renovação também passará pela nova agência, além do circuito Ministério das Comunicações-Congresso, e se tornaria mais transparente, com o passo a passo publicado na internet. A Folha apurou ainda que a proposta incorpora vários pontos do PL 116, que cria novas regras para o mercado de TV por assinatura e de conteúdo audiovisual, mas não trata de regras para cumprimento do limite de participação de capital estrangeiro nos meios de comunicação. Será mantida a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que cuida de questões mais técnicas, como a elaboração de planos e distribuição de canais. Para o governo, a agência não significa censura, porque o conteúdo será analisado depois de veiculado. Representantes do setor, porém, avaliam que a proposta abre brechas para cercear jornalismo e dramaturgia. Além disso, dizem, a Constituição já prevê punição para os abusos. A criação da agência para regular conteúdo tem apoio de entidades que defendem o ‘controle social da mídia’. Nova regra será ‘inexorável’, afirma Lula O presidente Lula voltou a afirmar que o governo Dilma aprovará uma nova regulamentação da comunicação no país. À TV Brasil Lula disse que ele, Dilma, e o ministro Franklin Martins (Comunicação Social), que comanda a elaboração da proposta, têm a mesma concepção sobre o tema. ‘Ainda tem coisas a ser discutidas (…), mas será inexorável’, afirmou. Rio abre debate sobre a criação de um conselho Em audiência pública, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro debateu ontem a criação de um conselho estadual de comunicação, projeto de lei de autoria de Paulo Ramos (PDT). O deputado defendeu que conselho interfira na programação das emissoras para garantir mais atrações regionais. A audiência teve participação majoritária de estudantes e sindicalistas. Eleita quer fortalecer Ministério das Comunicações Esvaziado no governo Lula, o Ministério das Comunicações será fortalecido na gestão de Dilma Rousseff, a começar pela escolha de Paulo Bernardo, atual ministro do Planejamento, para comandar a pasta. Desde 2004 o ministério, que passará do PMDB para o PT, vinha perdendo parte de suas atribuições. O PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), por exemplo, é tocado na Presidência da República. Os Correios sofreram intervenção branca do Planalto, e a Telebrás é presidida por um indicado de Paulo Bernardo. A Folha apurou que o projeto da banda larga vai voltar para o ministério e que uma secretaria de inclusão digital deve ser criada. O ex-ministro Hélio Costa (no cargo até março de 2010) tentou criar essa secretaria, mas bateu de frente com Erenice Guerra, então ministra da Casa Civil, que deixou o governo após o envolvimento de seu nome em escândalo de lobby. O nome mais cotado para a secretaria é o de Cezar Alvarez, assessor especial da Presidência e coordenador dos programas federais de inclusão digital. A secretaria de comunicação eletrônica, considerada o coração do ministério porque trata das concessões de rádio e TV, também mudaria de mãos. André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, assumiria a função. O novo ministro também poderá sugerir o novo presidente da Anatel (Agência Nacional de Comunicação) já no final de 2011. O conselheiro João Resende é o nome mais cotado hoje. O PMDB já se conformou em perder a pasta, mas pressiona a presidente eleita a não entregar o ministério para o PT com a ‘porteira fechada’. Quer indicar alguns dos cargos. (AM) LIBERDADE Roberto Muylaert A irmã siamesa da democracia Afinal, a liberdade de expressão está ou não em perigo no Brasil? O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirma que ‘os jornalistas andam vendo fantasmas: não há obstáculo à liberdade de imprensa no país’. Carlos Ayres Britto, ministro do Supremo Tribunal Federal, destaca, com saber jurídico e fala mansa, que a Constituição Federal garante a liberdade de expressão em seu artigo 5º e reforça esse direito no artigo 220, ao reafirmar um princípio que garante o próprio funcionamento do regime democrático. Hoje, as ameaças à liberdade vêm do Judiciário, em que alguns juízes proferem sentenças que não expressam o que pede a lei maior, que é a Constituição Federal. Nesse sentido, houve 24 casos de censura pelo Judiciário desde o fim da Lei de Imprensa, e 44 projetos de lei estão no Congresso Nacional buscando restringir essa liberdade, até porque os poderes em geral não gostam de críticas a seus atos, preferem elogios. Por isso, sentem-se injuriados pelo noticiário e estão sempre se queixando das coberturas ‘injustas’, esquecendo-se de que cabe à imprensa oferecer alternativa à versão oficial dos fatos. É interessante que, quando surgem malfeitos no governo, denunciados pela imprensa, a primeira reação do setor atingido é de indignação. Mas as figuras públicas implicadas acabam afastadas, apurada a procedência da denúncia. A imprensa no Brasil é livre, restando as opções editoriais adotadas pela chamada mídia, na imprensa escrita, ou no espaço público mediado por interesses privados, que deveriam ser explícitos, como acontece com muitos veículos no exterior e com alguns no Brasil. Mais ameaçada está a liberdade de expressão, que abrange o direito de anunciar, essencial para a viabilidade econômica de uma imprensa livre. Ninguém pode ser contra restrições a impropriedades no marketing de um produto, com prejuízos para a população, apesar da ação do sempre elogiado Conar, que soluciona questões da publicidade pela autorregulamentação. Há assuntos de interesse da sociedade que podem ser regulamentados, como nos casos da publicidade dirigida a crianças e da forma de divulgar alimentos e medicamentos. Mas não do jeito que está sendo feito hoje, em que um órgão regulador do Ministério da Saúde reúne poderes de normatizar e de punir infratores de acordo com seus critérios, às vezes abusivos. Garantida a liberdade de imprensa, preocupam a sociedade alguns temas da Constituição que aguardam regulamentação há 22 anos, no momento em que as empresas de telecomunicação desejam entrar no setor de TV a cabo. É preciso saber como reagirá o novo governo às ameaças não concretizadas, mas sempre tentadas, de controle social da mídia, que ninguém sabe direito de que se trata, mas que coisa boa não deve ser, tanto que o próprio ministro Franklin Martins é contra. Também é preciso saber o que será feito das resoluções da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), que reuniu movimentos sociais de todas as naturezas, município por município, com ranço daquele PT antigo rejeitado nas urnas por longo período, em que são triviais as ameaças à livre iniciativa. Conforme Ayres Britto, ‘a liberdade de imprensa é irmã siamesa da democracia’. ROBERTO MUYLAERT, jornalista, é editor, escritor e presidente da Aner(Associação Nacional dos Editores de Revistas). Foi presidente da TV Cultura de São Paulo (1986 a 1995) e ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social (1995, governo Fernando Henrique Cardoso). TODA MÍDIA Nelson de Sá Brasil & Palestina A agência PNN (Palestine News Network) anunciou a Argentina como ‘nação mais recente a reconhecer a Palestina independente’, ecoando em sites dos EUA. Em seguida, acrescentou a France Presse, ‘Argentina e Uruguai disseram que estão se juntando ao Brasil no reconhecimento do Estado palestino’. Por aqui, fim da tarde, foi manchete da BBC Brasil, ‘Após Brasil, Argentina’, mais o relato de Guila Flint, correspondente em Tel Aviv, sobre a reação no final de semana ao anúncio brasileiro -de pouca atenção em Israel, mas manchete em ‘todos os canais de TV e sites de notícias nos territórios palestinos’. Um diplomata palestino já previu então que, ‘como o Brasil é o líder da América Latina, agora é provável que os países da região reconheçam’. Hiato Com o reconhecimento em série na América Latina, a notícia foi parar nas páginas iniciais dos jornais israelenses. No ‘Haaretz’, ‘Argentina se une a Brasil no reconhecimento de um Estado palestino’, anotando que os anúncios vêm no ‘hiato’ das negociações, após o fim do congelamento dos assentamentos. No ‘Yediot Ahronot’, ‘Israel ataca Argentina por reconhecer’. Sem EUA O site americano Politico, citando ‘fontes diplomáticas’ americanas voltadas à América Latina, postou que a decisão do Brasil ‘pegou EUA de surpresa’. E que o Departamento de Estado tinha ‘ouvido que os brasileiros estavam examinando e falando com algumas pessoas na região’, mas nada definitivo. E que Israel foi informado pelo Brasil na noite de quinta. VOZ DA AMÉRICA A estatal Voice of America destacou, da entrevista de Dilma Rousseff para o ‘Washington Post’, que ela ‘quer relação mais próxima com os EUA’. Nas agências ocidentais, os enunciados foram pela mesma linha BRASIL MAQUIAVÉLICO A esquerda americana simpática a Hugo Chávez dá sinais de reação ao Brasil. Um dos muitos blogueiros no HuffPost, Nikolas Koz loff, postou ‘Recado ao bloco sul-americano de esquerda: não confie no Brasil’. Ataca sobretudo Nelson Jobim, a partir dos vazamentos do WikiLeaks, mas também os ‘maquiavélicos’ Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia. E Dilma. SEM BRASIL E TURQUIA Nas páginas iniciais de ‘New York Times’, ‘Washington Post’ e ‘Wall Street Journal’, começaram as negociações dos EUA com o Irã. Para o ‘NYT’, ‘no mínimo, EUA e outras potências têm esperança de obter compromisso de nova reunião, com agenda mais concreta, talvez na Turquia’. Segundo o iraniano Press TV, Brasil e Turquia ficam de fora, por enquanto. E TOME BRIC Em relatório do Goldman Sachs destacado pelo ‘Financial Times’ e em entrevista à TV Bloomberg, Jim O’Neill voltou ao noticiário, agora responsável por investimentos no banco, mas ainda priorizando os Brics. Diz que os consumidores de Brasil, Rússia, Índia e China ‘oferecerão oportunidades enormes de investimento’. E que, em 2020, vão responder por metade da compra mundial de carros. Na Bloomberg, lembrou que um segundo grupo, abaixo dos Brics, ‘the Next Eleven’ ou os próximos 11, deve ter desempenho semelhante. Entre eles, Coreia do Sul, México e o Irã. COMPROMETIDOS A edição de dezembro da ‘Euromoney’, com a manchete ‘Atravessando o teto dos Brics’, detalha como são recrutados e começam a subir na hierarquia dos bancos ocidentais os executivos oriundos de Brasil, Rússia, Índia e China. Também trata das perspectivas para Dilma e o pré-sal WIKILEAKS Andrea Murta Site divulga ‘lista de alvos’ e irrita EUA O site WikiLeaks divulgou uma lista secreta do governo americano de cerca de 300 estruturas, em vários países, consideradas estratégicas e que devem ser protegidas de atentados terroristas. É potencialmente a revelação mais perigosa e controversa feita pelo site até agora. A lista provém de um despacho sigiloso da Chancelaria dos EUA para embaixadas ao redor do mundo. Desde o último dia 28, o WikiLeaks vem divulgando gradualmente cerca de 250 mil comunicações secretas de diplomatas americanos. Algumas das estruturas vitais para a segurança nacional dos EUA estão no Brasil. O documento menciona cabos de comunicação submarinos com conexões em Fortaleza e no Rio e minas em Minas Gerais e em Goiás. O texto, datado de fevereiro de 2009, é assinado pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Ela pede a atualização de uma lista do Departamento de Segurança Doméstica de locais que devem ser protegidos para ‘prevenir, deter, neutralizar ou mitigar efeitos de esforços deliberados de terroristas para destruir, incapacitar ou explorá-los’. Embaixadas foram orientadas a organizar um inventário de estruturas ‘cuja perda poderia impactar criticamente a saúde pública, segurança econômica e/ou segurança doméstica dos EUA’. A nomeação dos locais aprofunda a controvérsia sobre a ação do WikiLeaks, já acusado de publicar informações cujo risco supera o eventual interesse público. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, PJ Crowley, afirmou que ‘esse tipo de informação dá a grupos como a Al Qaeda uma lista de alvos’. Para Hillary, a divulgação da lista é ‘profundamente preocupante’. A lista contém, por exemplo, gasodutos, linhas de telecomunicação, depósitos minerais, indústrias químicas e farmacêuticas e fábricas de equipamento militar. As duas regiões com inventários mais extensos são Europa/Eurásia e Américas. No Cone Sul, além do Brasil, há locais considerados vitais na Venezuela (cabos de fibra ótica), Chile (minas) e Argentina (fábrica de vacina para a febre aftosa). Em algumas passagens do texto, empresas são citadas nominalmente, como a Siemens e a Sanofi-Aventis. Para Washington, a destruição das estruturas ‘provavelmente teria efeito imediato e pernicioso nos EUA’. A secretária de Segurança Doméstica americana, Janet Napolitano, disse condenar ‘nos termos mais fortes possíveis’ a divulgação dessas informações. Ela não comentou a autenticidade do texto. TECNOLOGIA Verena Fornetti iPad no Brasil é o mais caro do mundo em loja da Apple O preço do iPad no Brasil é o mais alto entre os 32 países em que a Apple dispõe de loja on-line. O tablet da fabricante americana custa a partir de R$ 1.649 no Brasil. Nos EUA, o preço mínimo é R$ 844. Na Malásia, o item é vendido por R$ 832. Os valores se referem ao modelo de 16 GB com Wi-Fi (rede sem fio) e não incluem os impostos adicionados após a compra -nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa sobre a venda é somada no caixa e varia de acordo com o Estado. O tablet da Apple foi lançado em abril deste ano e virou febre de consumo. De acordo com a consultoria Piper Jaffray, até setembro foram vendidos 13 milhões de unidades. No Brasil, o iPad é comercializado desde sexta-feira passada e se tornou um ‘fenômeno de venda’, segundo os varejistas. Os tributos explicam o preço elevado do aparelho no país. As alíquotas nominais dos tributos da União que incidem sobre a importação do item somam cerca de 40%. Como os tributos incidem um sobre o outro [ou seja, sobre o valor já corrigido por outra alíquota], o percentual cresce. Há ainda o ICMS, imposto estadual que, muitas vezes, somado aos outros, faz dobrar o valor bruto do produto importado. De acordo com analistas, os valores dos iPads garantem ao varejo margens semelhantes à média do setor para tablets. Calcula-se que esse tipo de aparelho importado renda ao varejo entre 20% e 25% de margem de lucro, incluindo frete, conversão do câmbio e carga tributária. No caso do modelo com tecnologia 3G (rede por chip telefônico), o preço de importação bruto sem o frete é de R$ 900 para o modelo de 16 gigas, mas o produto chega ao consumidor por R$ 2.049. IMPORTADOS A carga tributária encarece também outros importados. O iPod Classic de 160 gigas, tocador de músicas da Apple, sai por R$ 899 no Brasil e por R$ 421 nos EUA (sem incluir a taxa de venda). Os impostos também quase dobram o preço do Kindle para brasileiros que compram o leitor eletrônico no site da Amazon. A versão mais barata é vendida para o consumidor do país por cerca de R$ 530, dos quais quase metade são impostos. O advogado tributarista Cristiano Frederico Ruschmann, do Dias Carneiro Advogados, pondera que o transporte e o seguro sobre a mercadoria transportada encarecem os produtos em relação ao que é cobrado nos países asiáticos e nos EUA. Mas, segundo ele, a configuração do sistema de tributação indireta no país é nociva. ‘A tributação indireta, que é composta de IPI, PIS, Cofins e ICMS, em outros países é mais simples e comumente aplicada de forma única, em um só tributo’, diz ele. INTERNET Site de compra coletiva nos EUA rejeita oferta bilionária do Google O site de compra coletiva americano Groupon rejeitou a proposta bilionária de aquisição feita pelo Google. Segundo informou o jornal ‘Wall Street Journal’, as duas companhias encerraram as negociações na sexta-feira passada (3) depois de uma oferta de US$ 5,3 bilhões em pagamento adiantado e mais US$ 700 milhões em pagamentos posteriores. Os rumores da imprensa americana são que, para os gestores do Groupon, é mais vantajoso manter o site independente até a abertura de capital, no próximo ano. Maior site de compra coletiva dos EUA, o Groupon tem como principal concorrente o LivingSocial, que conseguiu, na semana passada, investimento da Amazon no total de US$ 175 milhões em aportes. Página de perfil dos usuários do Facebook ganha um novo design O Facebook deu nova cara à página de perfil dos seus usuários. As informações foram reorganizadas e as fotos ganharam mais destaque. ‘Agora é ainda mais fácil para você contar a sua história e saber sobre seus amigos’, afirmou Josh Wiseman, engenheiro de software do Facebook, no blog da rede. O perfil começa com um resumo das informações básicas do usuário (como local de origem, onde cursou graduação e onde trabalha). Logo abaixo vêm as fotos mais recentes do seu álbum. A navegação da página de fotos também foi repensada, e ficou mais fácil com a barra de rolagem ‘infinita’. Os perfis estão recebendo o novo design gradualmente. A meta do Facebook é terminar a transição até o início do próximo ano. Para atualizar imediatamente ou para saber mais sobre os novos recursos, o usuário deve acessar www.facebook.com/about/profile. Depois do upgrade, não será possível voltar ao modelo antigo. TELEVISÃO Keila Jimenez Sônia Braga volta como vilã na Globo Sônia Braga pode voltar à TV brasileira antes do esperado. Depois de participar de ‘As Cariocas’ (Globo), de Daniel Filho, a atriz está negociando viver uma vilã daquelas, de Aguinaldo Silva, na minissérie ‘Lara com Z’. Se aceitar a proposta, Sônia será Sandra Heibert, crítica de teatro, ex-amiga de infância de Lara, cuja obsessão é desmoralizar a atriz da trama, vivida por Susana Vieira. Grande encontro, não? ‘Lara com Z’ está em fase de escolha do elenco secundário. As gravações começam em janeiro e a estreia será em abril, após ‘A Grande Família’. CUPIDO Apaixonada, Carol (Camila Pitanga) tenta conquistar o mulherengo André (Lázaro Ramos) em ‘Insensato Coração’ (Globo), próxima trama das 21h Liberou geral São muitas as sugestões na consulta pública sobre a reforma da classificação indicativa, no ar há duas semanas, no site do Ministério da Justiça. Uma delas é para que a programação da TV aberta para a faixa etária dos 12 anos deixe de ser vinculada ao horário das 20h. O público sugere que conteúdo até então impróprio para menores de 12 seja liberado como ‘classificação livre’. Fila O Sony HD já está aí, mas há quem garanta que o Warner HD, que nem foi lançado, vai entrar antes na Net. ‘Eu tiro o chapéu e, se tivesse peruca, tirava a peruca’ RAUL GIL sobre Silvio Santos, no ‘Domingo Espetacular’, da Record Elegante A homenagem que o ‘Domingo Espetacular’ prestou anteontem aos 80 anos de Silvio Santos rendeu recorde de audiência. A reportagem de 47 minutos, de Marcelo Rezende, sobre a trajetória de SS registrou média de 21 pontos, ante 16 pontos da Globo no horário. Na média geral, a Record ficou com 17 pontos (recorde do programa), ante 20 pontos da Globo (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP). Bibelô Personagens de ‘Escola para Cachorro’ (Nickelodeon) vão virar bonequinhos e jogos, a serem lançados em setembro, antes da estreia da segunda temporada. Gol Reta final do Brasileirão, Corinthians x Goiás registrou anteontem média de 26 pontos na Globo. Dois pontos a mais que a final de 2009. Solidário Luciana Gimenez e Marcelo de Carvalho gravaram na semana passada o ‘Mega Senha Especial Barretos’ (Rede TV!), que teve apenas a participação de artistas. Eles doaram o total dos prêmios, R$ 75 mil, para a campanha que a emissora faz em prol do Hospital de Câncer de Barretos. Vai ao ar dia 11. Babá Em tempos de renovação de contratos no SBT, Cris Poli (foto), a Supernanny, não entrou na fila. Ela tem contrato até junho de 2011. com SAMIA MAZZUCCO Adriana Ferreira Silva Programa investe na sexualidade trangressora da música nacional Soa picante o tema de ‘História Sexual da MPB’, que vai ao ar no Canal Brasil. A ‘sexualidade transgressora’ foi o recorte escolhido por Rodrigo Faour para mostrar mudanças de comportamento das últimas décadas que inspiraram repertório de intérpretes e compositores. Elas aparecem nas poéticas despedidas de Gilberto Gil às suas ex-mulheres; na sensualidade inocente da bossa nova; na sexualidade dúbia das letras de Caetano Veloso e Raul Seixas; ou nas transas virtuais de Wando. Como em todo especial musical bem-feito, é delicioso rever vídeos de clássicos como ‘Ciúme’, do Ultraje a Rigor, ou ouvir a pequena Claudette Soares relembrando que sua mãe considerou ‘imoral’ sua atuação ao lado de Dick Farney na canção ‘Você’, em 1974. O programa, no entanto, sofre do mal da maioria dos especiais de música e desconsidera a produção recente -há uma pequena brecha para o funk carioca. Ficam de fora artistas contemporâneos como Otto, Andreia Dias, Céu e Tatá Aeroplano, que fariam corar até a serelepe Claudette Soares. NA TV História Sexual da MPB QUANDO amanhã, à 0h, no Canal Brasil CLASSIFICAÇÃO não informada NOVAS TECNOLOGIAS Seminário em SP aponta evolução no jornalismo durante a era digital Com o objetivo de debater o jornalismo em meio às transformações culturais na era digital, começa amanhã em São Paulo o 3º Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural pRINCÍPIOS iNCONSTANTES, sob curadoria de Rachel Bertol. Entre os convidados estrangeiros, estão Blake Eskin, editor de web da revista ‘The New Yorker’; Kenneth Goldsmith, poeta e fundador do arquivo UbuWeb, uma das principais fontes sobre cinema na internet, e Alex Needham, editor de cultura do site do jornal britânico ‘The Guardian’. Pelo Brasil, participam o cineasta Cao Guimarães; os jornalistas José Castello e Humberto Werneck; o editor da ‘Rolling Stone’, Pablo Miyazawa, e Marcos Strecker, editor de mídias sociais da Folha e autor de ‘Na Estrada – O Cinema de Walter Salles’ (Publifolha). O evento é gratuito e acontece no Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 0/xx/11/ 2168-1776) até sexta. Os ingressos serão distribuídos com meia hora de antecedência. Informações em www.itaucultural.org.br. ************ O Estado de S. Paulo Terça-feira, 7 de dezembro de 2010 WIKILEAKS Revelação de documentos ajuda Al-Qaeda, dizem EUA O Departamento de Estado qualificou de ‘irresponsável’ a divulgação, pelo site WikiLeaks, da lista de locais do mundo considerados estratégicos pelos Estados Unidos. Ao avaliar o impacto da ação, o porta-voz da diplomacia americana, Philip Crowley, afirmou que o WikiLeaks extrapolou seu objetivo de desafiar os EUA e transformou pontos vitais para outros países em alvos de possíveis ataques da rede terrorista Al-Qaeda. ‘Isso é uma irresponsabilidade. Uma informação é classificada como secreta por uma boa razão, especialmente quando envolve infraestrutura que apoia nossa economia e a de outros países’, afirmou Crowley. ‘O que Julian Assange (fundador do WikiLeaks) divulgou equivale a uma lista de alvos que será de interesse de grupos como a Al-Qaeda’, completou. O Departamento de Estado classifica o vazamento dos 251 mil telegramas diplomáticos pelo WikiLeaks como um ‘ato criminoso’ de Assange, a quem se refere como um ‘anarquista’. Em sua reação, o governo americano vem insistindo que a divulgação desses textos pôs em risco as pessoas mencionadas – em boa parte, informantes da diplomacia americana – e as negociações em curso sobre temas de relevância regional ou mundial. Na mesma linha, o governo britânico condenou novamente ontem o vazamento pelo seu prejuízo à segurança nacional dos EUA. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. INTERNET Murilo Roncolato Google cria loja para venda de livro digital O Google começou ontem a vender livros digitais, nos Estados Unidos, intensificando a concorrência com a Amazon e a Apple. A nova livraria digital Google eBooks conta com 3 milhões de títulos, que variam de best-sellers recém-lançados a obras mais antigas sobre as quais não se aplicam mais direitos autorais, disponíveis gratuitamente. Consumidores poderão armazenar seus livros em uma biblioteca online pessoal administrada pelo Google e lê-los em qualquer aparelho. ‘Sua biblioteca inteira estará disponível a qualquer momento; em qualquer aparelho, seus livros estarão lá’, disse o diretor de engenharia da equipe Google Books, James Crawford. O mercado de livros eletrônicos é atualmente dominado pela Amazon, que ajudou a criar um mercado com o lançamento do leitor digital Kindle, em 2007. O site varejista detém cerca de dois terços do mercado nos Estados Unidos, segundo pesquisa da Forrester Research. No começo deste ano, a Apple entrou no mercado de livros digitais, vendendo versões eletrônicas de obras para serem lidas em seu tablet, o iPad. Os preparativos da novidade já tinham sido anunciados pelo jornal The New York Times em maio do ano passado, mas ela veio à tona somente ontem, com o lançamento definitivo da loja virtual. O anúncio coloca um novo ator no mercado de livros virtuais e ameaça livrarias online já estabelecidas, como as norte-americanas Amazon e Barnes & Noble. Acervo. O Google oferece pela sua eBookstore o maior acervo de livros digitais conhecido atualmente. Isso se deve ao trabalho iniciado em 2004, época em que lançou o Google Books, serviço que permitia procurar por livros, ler trechos, baixá-los, escrever resenhas, etc. Desde então, o Google informou ter digitalizado mais de 15 milhões de livros contendo obras em 400 idiomas diferentes. O número de publicações à disposição na eBookstore, de 3 milhões, supera o acervo digital da Barnes & Nobles, com 2 milhões de títulos, e o da Amazon, com 750 mil. O Google e a B&N também incluem livros já de domínio público. A empresa californiana dividirá com as editoras os lucros das vendas dos livros vendidos pela eBookstore. Para o lançamento, são cerca de quatro mil editoras (Simon & Schuster, Random House, Macmillan, etc), dispondo livros que custarão de US$ 1 a US$ 300. O Google criou um sistema que, ao contrário da Amazon, permitirá que os leitores comprem os livros de qualquer livraria digital (Powell’s, Alibris e membros da Associação de Livrarias Americanas) para lê-los em qualquer aparelho, seja um iPad, um eReader Nook (da Barnes & Noble) ou da Sony, um smartphone Android (ou iPhone) ou um computador. / COM REUTERS FOTOGRAFIA Simonetta Persichetti Diário do front por um herói da câmera Robert Capa (1913-1954) queria ser escritor e, se tivesse seguido este seu primeiro impulso, provavelmente seria um cronista brilhante. Por acaso, se tornou fotógrafo e inscreveu seu nome na história do fotojornalismo mundial. Mas não esqueceu das letras e resolveu escrever um diário de sua passagem pela Segunda Guerra Mundial. O diário se tornou livro: Ligeiramente Fora de Foco, ilustrado com suas imagens feitas durante a Segunda Guerra e publicado pela primeira vez em 1947 e agora no Brasil pela Cosac Naify. Reproduções18 de abril de 1945. Robert Capa acompanha soldados americanos que estão à procura de atiradores alemães: mesmo tendo se especializado na sua cobertura, era crítico ferrenho da guerra Com excelente bom humor, a narrativa que vai intermediar revelações de suas bebedeiras, romances (fuga deles), jogos de pôquer, articulações para conseguir se tornar um correspondente de guerra, todo um panorama das décadas 1930-1940 se desenvolve diante de nossos olhos. Como se tomássemos emprestado o seu olhar que, apesar de ter se tornado conhecido pela sua cobertura de guerra – foi sempre um crítico contumaz dela. Robert Capa inventou a si mesmo: nascido Endré Erno Friedmann, em 22 de outubro de 1913 em Budapeste é obrigado por seus ideais marxistas a deixar a Hungria. Vai para Berlim, onde estuda ciências sociais e é na Alemanha que inicia, em 1931, sua carreira como fotojornalista na agência Dephot, a mais importante da época. A ascensão do nazismo o obriga a deixar Berlim e ir para Paris. É lá, juntamente com a também fotógrafa e sua mulher Gerda Taro, que em 1934 ele cria Robert Capa repórter mítico nascido nos Estados Unidos. Ele se torna seu próprio representante. O fotógrafo que ninguém conhecia fica célebre rapidamente e se assume como tal. Em 1936, parte com Gerda para a Espanha para cobrir a Guerra Civil Espanhola. Gerda morre durante a cobertura no ano seguinte. Espanha. Ele inicia seu trabalho como fotógrafo de conflitos. É na Espanha que realiza sua talvez mais lembrada e contestada foto, a do miliciano no momento de sua morte. Muitos afirmam que foi forjada. Seu biógrafo Richard Whelan sempre negou. Debates sobre este assunto são sempre acirrados. Nada, por enquanto, foi demonstrado. Mas, sem dúvida, esta é uma das imagens que ajudaram a reforçar a lenda Capa. É por intermédio de seus olhos que aprendemos que a guerra nem sempre está na batalha, mas nos olhares das vítimas, daquelas que sofrem as consequências de algo sobre o qual não tiveram nenhuma chance de opinar. Ele não gostava da guerra. Isso fica claro em seus escritos. Muitas vezes se nega a fotografar. Respeita momentos, pessoas. Baixa a câmera. Em outros instantes sabe que aquela é a imagem certa e sua divulgação pela mídia (a maior parte de suas imagens da guerra foram publicadas na revista Life) faria a diferença. Ligeiramente Fora de Foco é o título que ele tira de uma de suas experiências de quando estava em Argel. Ele foi picado por vários percevejos e como reação ficou com os olhos inchados e sem conseguir abri-los direito diz: ‘Estava com meus olhos fora de foco.’ Retoma esse mesmo conceito ao falar de suas inesquecíveis fotos do desembarque da Normandia, em 1944: ‘Ligeiramente fora de foco, um pouco subexpostas e a composição não é nenhuma obra de arte.’ Robert Capa – quase como uma catarse – desfaz o mito que ele mesmo ajudou a criar. Como escreve o também fotógrafo e jornalista Hélio Campos Mello na contracapa do livro: ‘Numa prosa que cativa pela simplicidade, pelo humor e pelo brilhante relato histórico, ele mostra sua fase desconhecida. E, no movimento de desconstrução do mito, surge um homem inteligente, fascinante e que – suprema qualidade – se levava muito pouco a sério.’ É isso. Na Sicília. Hilariante a narrativa de seu primeiro pulo de paraquedas na Sicília: ‘…menos de um minuto depois aterrissei numa árvore no meio de uma floresta. Durante o resto da noite fiquei ali pendurado. Quando amanheceu, três paraquedistas me encontraram e cortaram as cordas. Eu me despedi da minha árvore. Nossas relações tinham sido íntimas, mas um pouco prolongadas demais.’ Robert Capa nos conta de seus medos, de suas angústias, de sua vontade de abandonar tudo, mas também da adrenalina de seu ofício. Refinado e bon vivant, gostava de tomar champanhe, comer ostras e discutir com seus amigos escritores como John Steinbeck, com o qual realizou um trabalho na Rússia (leia abaixo) e Ernest Hemingway, para ele seu mentor que carinhosamente chamava de Papa. Não podemos esquecer que ele estava às vésperas de completar 30 anos quando escreveu esse livro. Ironicamente, a mitologia supera sua criatura. Robert Capa morreu muito cedo, aos 41 anos, na Indochina, ao pisar numa mina (medo que ele descreve no livro quando ao chegar a Argel e se afastar do carro se encontrou no meio de um campo minado). Onze anos depois, ele também se afasta do carro, mas desta vez pisa na mina. Diz a lenda que ele morreu sem deixar cair sua câmera. Não se sabe. Mas sua morte prematura ajudou a confirmar o mito e esse livro agora o reforça, já que se sabe que ele nunca se colocou como protagonista de suas imagens, afinal esse lugar sagrado era dos personagens que retratava. Antonio Gonçalves Filho Acaso e beleza na Paris de Doisneau Dez anos antes de sua morte, o fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994), já via Paris como uma cidade habitada por fantasmas. Não os fantasmas dos outros, para ele indiferentes, mas os seus. Doisneau, afinal, fotografou a cidade por meio século, registrando a Paris das boinas e chapéus-coco, a Paris ocupada e humilhada pelos nazistas, a Paris das barricadas, dos resistentes, das prostitutas do Bois-de-Boulogne, das tramoias e também das crianças, seu tema predileto. Todas essas faces da capital francesa estão em Paris Doisneau, um belo livro com 300 imagens que as filhas do fotógrafo, Francine Deroudille e Annete Doisneau, organizaram e que a editora Cosac Naify lança agora. Dividido em cinco capítulos, o livro não segue a ordem cronológica em que as fotos foram feitas. Agrupadas por temas, essas imagens mostram os pontos turísticos, os tipos, a vida noturna, as celebridades, Paris durante a 2.ª Guerra e a sua transformação quando trocou a tradição pela modernidade, demolindo antigos prédios para construir torres de concreto e vidro. Falando sobre o assunto, Doisneau, em 1984, lembrou a ‘ingênua’ baronesa de Haussmann, a mulher do urbanista que projetou a nova Paris ao assumir, entre 1853 e 1870, a remodelação da cidade. ‘Com seu jeito afetado, ela dizia: ‘Como é estranho, cada vez que meu marido compra um imóvel, chegam os demolidores!’ Ruínas. Na época de Doisneau também se demoliu muito, mas ele recusou lamentar-se sobre as ruínas. ‘A beleza, para ser comovente, tem de ser efêmera’, justificou, lembrando que viu desaparecer todos os seus pontos de referência sentimentais, do calçamento em forma de coração do Institut de France ao crucifixo em frente dos gasômetros da Rue de l’Évangile. ‘O que me incomoda mais é o confisco dos meus oásis’, diz Doisneau no livro, provavelmente se referindo às monstruosidades arquitetônicas de Paris, como a passarela da Défense. A vida diante dos edifícios da Place Pinel dá medo, escreveu, vociferando contra a especulação imobiliária que expulsou os artesãos do Faubourg Saint-Agostine para dar lugar a agências de publicidade. É a última parte do livro e também a mais triste. Nela, um senhor com seu bassê olha desolado para o terraço da Défense e crianças brincam de cabra-cega na paisagem devastada de Beaugrenelle, sufocadas por ‘próteses de concreto’ – como Doisneau chamava esses edifícios com fachadas de espelho que transformaram parte de Paris numa cidade ‘abstrata’. Na rua. A Paris de Doisneau é aquela que pulsa nas ruas, nos clubes noturnos, nas barracas dos parques de diversão. Os personagens do fotógrafo são os saltimbancos da Place de la Bastille, as strippers do Concert Mayol, as dançarinas de cancã do Tabarin, os frequentadores dos bailes populares na Rue des Canettes e os artistas que desenham a giz sobre o asfalto da Pont des Arts. Estão todos no livro, ao lado de celebridades como Simone de Beauvoir escrevendo no Deux Magots (1944), a cantora Juliette Gréco com seu bassê em Montparnasse (1947), o cineasta norte-americano Orson Welles bebendo antes do Grande Prêmio de Ciclismo (1950), a escritora Collete passeando de cadeira de rodas nos jardins do Palais-Royal (1953), o cineasta espanhol Luis Buñuel diante de um fliperama (1955), o escultor suíço Alberto Giacometti sentado num café da Rue d’Alesia (1958), além de estrelas mais recentes, como Sandrine Bonnaire (1990) e Juliette Binoche, esta num flagrante de rua enquanto filmava com o diretor Leos Carax seu angustiante filme Os Amantes da Pont-Neuf (1991). No estúdio. Também estão no livro algumas das fotos mais conhecidas do fotógrafo, como o guarda que passa em frente de uma fachada com a boca de um demônio escancarada (O Inferno, 1952), o beijo diante do Hôtel de Ville (1950) e os dois irmãos de ponta-cabeça observados por outros dois gêmeos na rue du Docteur-Lecène (1934). São poucas essas fotos clássicas, pois as filhas do fotógrafo, que administram um legado de 400 mil negativos, queriam um livro abrangente, que mostrasse como Doisneau interagia com os habitantes de Paris, além de revelar sua relação com ‘o temível fundo branco do estúdio’. Seus dois ou três anos passados na Vogue deixaram apenas recordações nebulosas. Foi um emprego ruim, garante, pois, feitas as contas, ‘o desejo irresistível de fazer uma imagem é ditado pela busca dos elementos que provocaram uma emoção totalmente nova’. E a única coisa nova era que nunca tinha sido testemunha de espetáculos como o casamento da viscondessa d’Harcourt ou os bailes dos aristocratas no Hôtel Lambert. Há, no entanto, fotos deslumbrantes dos ateliês de costura. Todos os estilistas que importavam no pós-guerra estão lá: Givenchy, Chanel, Dior, Saint-Laurent. E também os mais novos: Gaultier, Lacroix. Nota-se, contudo, que Doisneau não se sentia à vontade com trabalhos de encomenda. Embora tenha começado sua carreira como funcionário da Renault, fotografando modelos de carro e peças publicitárias da empresa, foi na rua que o fotógrafo, órfão de pai aos 4 anos e de mãe aos 7, descobriu seu verdadeiro cenário. PARIS DOISNEAU Autor: Robert Doisneau. Tradutor: Celia Euvaldo. Editora: Cosac Naify (400 páginas, R$ 110). TELEVISÃO Cristina Padiglione SBT reavalia sua resistência à venda de horário para igrejas Fontes ligadas ao alto escalação do SBT atestam que a direção da emissora não se mostra disposta a resistir por muito tempo às tentadoras propostas feitas por igrejas evangélicas para a compra de horário em sua grade de programação. Segundo um alto executivo da emissora ouvido pelo Estado, o próprio Alexandre Raposo, presidente da Record, teria intermediado uma proposta recente – leia-se após o aporte anunciado no Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos – propondo ao SBT a compra de horário pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Raposo, por meio da assessoria de imprensa da Record, nega que tenha feito ou faça propostas em nome da IURD. A decisão do SBT em repensar sua resistência à locação de horários, em especial às igrejas, parte puramente dos valores que o negócio representa, o que ganha reforço nesse contexto de crise do grupo. Embora considerem a prática imoral, e já que legislação alguma dá sinais de coibir esse comércio que abastece os cofres da concorrência, Silvio Santos & Cia. refazem as contas. Estima-se que a IURD injete na Record algo em torno de R$ 500 milhões por ano. Ao Grupo Bandeirantes, somando aí a Rede 21, locada pela Igreja Mundial do Poder de Deus, a fé renderia R$ 200 milhões ao ano. E na RedeTV!, o saldo chegaria a R$ 100 milhões/ano. Para se ter uma ideia do quanto isso valeria ao baú de Silvio Santos, o SBT fechará o ano com modestos R$ 850 milhões líquidos. Procuradas, Record, Band e RedeTV! afirmam, por meio de suas assessorias de comunicação, que não se pronunciam sobre esses valores. Banzai Mateus Solano dá pinta de estrangeiro em frente à loja de departamento Wako, em movimentada esquina de Ginza, bairro de Tóquio. É cena para a próxima novela das 7 da Globo, de Walcyr Carrasco: estreia em março. 25 personagens, no mínimo, uns contracenando com outros, é o que Chico Anysio pretende encarnar no seu especial de férias, em produção pela Globo Programa de meninos: o fato de o Manhattan Connection ser a atração mais vista por homens do canal GNT, seguido pelo talk show de David Letterman, foi um dos itens que acabou por distanciar a mesa de Lucas Mendes do perfil do GNT. O Manhattan Connection tem estreia prevista na GloboNews já para janeiro, no mesmo horário em que será exibido até o fim do ano pelo GNT: domingo, 23 horas. Mas o Late Show de David Letterman, embora de audiência mais masculina que o restante da programação, continua no GNT. Ainda no GNT: o Happy Hour, de Astrid Fontenelle, também será atingido pelas reformas de 2011, incluindo mudança de título. Professor de Glee, o Mr. Schuester, interpretado por Matthew Morrisson na série, contou a Alline Dauroiz, do Estado, em Los Angeles, que seu CD solo sai até março. ************