O governo polonês pediu que um novo executivo-chefe assuma o controle da emissora de TV estatal TVP, colocando um ponto final à guerra de poder envolvendo Piotr Farfal, ex-neonazista que comanda atualmente a emissora. Em março, os partidos de oposição e de situação já haviam revelado planos de reformar o canal.
Farfal já foi editor de uma revista conhecida pelas idéias anti-semitas e homofóbica e assumiu o cargo no ano passado após uma briga interna. Críticos alegam que seus pontos de vista políticos estão influenciando a cobertura noticiosa. ‘Hoje, pedi à corte apropriada que indique um administrador para gerenciar e supervisionar a situação na TVP’, afirmou o ministro do Tesouro, Aleksander Grad, acrescentando ter documentos que evidenciam que Farfal é responsável pela má administração da emissora, por meio de mau uso do dinheiro público. Grad pediu ainda ao presidente Lech Kaczynski para assinar rapidamente uma proposta de lei que reestruturaria a mídia estatal. Se a corte concordar com o pedido do governo, será nomeado um novo diretor que ficaria acima de Farfal e do conselho da TVP.
Farfal defende-se, garantindo que renunciou a sua associação com as idéias neonazistas – especialmente controversas na Polônia, que perdeu seis milhões de habitantes, quase metade deles de judeus, durante a ocupação da Alemanha nazista. Hoje, o executivo é ligado à conservadora Liga das Famílias Polonesas. Em junho, ele causou espanto ao fazer com que a TVP desse ao partido político Libertas, que não tem nenhum representante eleito na Polônia e se opõe à integração do país com a União Européia, o mesmo destaque no noticiário recebido pelos principais partidos políticos do país nas eleições parlamentares européias.
Coisas do passado
Para piorar ainda mais a situação de Farfal, membros do próprio conselho de supervisão da TVP suspenderam-no, na semana passada. O governo, no entanto, classificou a atitude como tecnicamente inválida. Grad acusou Farfal e o seu conselho ‘altamente politizado’ de gastar dinheiro público. ‘A situação é ruim na TVP, mas o caminho mais fácil de resolver é o presidente Kaczynski assinar a nova lei de mídia que está em sua mesa’, disparou o ministro. A lei cortaria financiamento para mídia pública, retiraria a gratuidade das licenças da emissora de rádio e TV estatais da Polônia e prepararia a TVP para a digitalização. Kaczynski, crítico do governo de centro-direita, impediu a tentativa anterior de reformar a lei, temendo que isto pudesse afetar o financiamento do setor. Informações da Reuters [9/7/09].