Os empresários de mídia da Turquia são um grupo muito versátil, segundo escreve Susan Sachs para The New York Times [21/2/05]. Comumente, além de atuarem no ramo da imprensa, têm negócios também em áreas como mineração ou postos de gasolina. Há alguns anos, virou moda no país que banqueiros comprassem ou abrissem veículos de comunicação. O contrário também aconteceu: empresários de comunicação abriram bancos. Há quatro anos, cerca de 20 instituições financeiras faliram e o governo da Turquia confiscou veículos que pertenciam aos banqueiros como forma de saldar suas dívidas. Como resultado, o Estado passou a controlar diversos jornais e estações de televisão, que pretende começar a vender ao setor privado em março.
Claro que já há investidores interessados nesta ‘feira’, já que possuir uma empresa de comunicação é uma importante maneira de ganhar poder político e econômico. Os veículos turcos costumam refletir claramente a opinião dos donos. ‘Não se pode escrever sobre nada que fira os interesses econômicos dos proprietários’, confirma Yavuz Baydar, ombudsman do diário Sabah, que, junto com uma rede de TV, foi confiscada de seu dono, o banqueiro Dinc Bilgin, acusado de fraude. Baydar era ombudsman do jornal Hurryiet até se indispor com seu proprietário, Aydin Dogan, por criticar uma matéria de primeira página que saiu errada. Além de dominar 45% do mercado nacional de jornais, Dogan tem uma rede de postos de combustível, bancos, empresas de turismo, seguradoras e fazendas de vegetais orgânicos, e já anunciou que está interessado em comprar mais alguma publicação do governo.
O grupo Star, que inclui jornais, revistas e canais de TV, será o mais valioso a ser vendido. Sua antiga dona, a família Uzan, o perdeu porque teria cometido uma fraude bancária no valor de US$ 6 bilhões. Antes que as vendas comecem, no entanto, os legisladores turcos terão de definir melhor as normas de propriedade de veículos de comunicação. Atualmente, a lei diz que nenhuma família pode deter mais de 20% de qualquer companhia de mídia, mas isso não é aplicado na prática. Falta definir quantos veículos um empresário pode controlar, se os investidores poderão atuar em outras áreas paralelamente e se estrangeiros também poderão ser proprietários de mídia.