Desde que grandiosos protestos – e gigantesca repressão – eclodiram nas ruas de Teerã após as eleições presidenciais de junho do ano passado, autoridades iranianas tentam orquestrar uma verdadeira campanha para culpar organizações estrangeiras pelo conturbado período político por que passa o país. Já durante as primeiras manifestações, correspondentes internacionais foram proibidos de sair às ruas para acompanhar a revolta popular; alguns chegaram a ter o visto revogado e foram obrigados a deixar o Irã.
Esta semana, a inteligência iraniana intensificou uma ‘lista negra’ de organizações estrangeiras, entre universidades, empresas de mídia e think tanks acusados de tentar minar o regime islâmico. As novas regras proíbem os cidadãos iranianos de falar ou receber qualquer tipo de auxílio de membros de mais de 60 organizações citadas na lista. Entre elas estão a rede britânica BBC, que no ano passado lançou um canal de TV por satélite em língua farsi, e dois veículos radiofônicos financiados pelo governo dos EUA, o Voice of America e a Radio Farda, ambos com transmissão em farsi.
A lista também inclui o site reformista iraniano Rah-e Sabz, que nos últimos meses agiu como fonte de informações para organizações de mídia internacionais que tiveram a atuação de seus correspondentes restringida. O governo afirma que a proibição é uma resposta a uma estratégia ocidental voltada a prejudicar o regime islâmico sob o disfarce cultural, jornalístico e acadêmico. Organizações como o grupo britânico Wilton Park, que organiza conferências sobre política internacional, e a Universidade americana de Yale também estão entre as citadas pelas autoridades. Informações de Robert Tait [The Guardian, 5/1/10].