O governo sírio está censurando o uso de mídias sociais e da internet por manifestantes, apenas três meses após permitir o acesso ao Facebook e ao YouTube, noticia Jennifer Preston [The New York Times, 23/5/11]. Oficiais de segurança estão pedindo a dissidentes para entregar as senhas do Facebook e para desligar a rede móvel de internet 3G em determinados períodos, limitando bruscamente a capacidade deles de fazer upload de vídeos de protestos no YouTube. Partidários do presidente Bashar al-Assad, que se chamam de Exército Eletrônico da Síria, estão usando a web para tentar depreciar os manifestantes.
Ao contrário do governo de Hosni Mubarack no Egito, que tentou silenciar os dissidentes ao impedir o acesso à web com um todo no país, o governo sírio está agindo de maneira mais estratégica, desligando a eletricidade e o serviço telefônico nos bairros com as maiores inquietações. “Eles estão usando estas técnicas para impedir a comunicação”, opinou o Dr. Radwan Ziadeh, diretor do Centro de Estudos de Direitos Humanos de Damasco. Segundo ele, as páginas do Facebook de pelo menos dois amigos próximos foram invadidas recentemente e agora exibem mensagens pró-governo.
Com jornalistas estrangeiros proibidos no país, dissidentes estão trabalhando com exilados e usando Facebook, YouTube e Twitter para chamar a atenção global para a sanção brutal do exército aos manifestantes, que matou mais de 700 pessoas e levou a prisões massivas nas últimas nove semanas. A página Revolução Síria 2011 no Facebook, que agora tem mais de 180 mil membros, foi uma fonte vital de informações para dissidentes.
Riscos a dissidentes
Enquanto o Facebook mostrou-se uma plataforma poderosa para ajudar a mobilizar manifestantes e a exibir a luta dos ativistas na Tunísia, Egito e, agora, na Síria, o site pode também posar riscos consideráveis a dissidentes. Há 580 mil usuários do Facebook na Síria. Desde que o governo canceloua proibição à rede social no dia 9/2, houve um aumento de 105% de usuários, segundo Fali Salem, diretor do Programa de Inovação e Governança, em uma universidade em Dubai.
Embora autoridades sírias tenham buscado mostrar a decisão de permitir o acesso à rede social como sinal de abertura, defensores de direitos humanos alertaram que o governo poderia usar o Facebook para monitorar atentamente os críticos. Alguns usuários chegaram a ser presos pelo governo e ficaram detidos por algumas semanas. A única maneira de despistar é criar perfis falsos.