Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo confisca computadores de usuário de Twitter

Na Venezuela, membros do Serviço Bolivariano Nacional de Inteligência invadiram a casa de um usuário do Twitter suspeito de espalhar rumores sobre a saúde do presidente Hugo Chávez. Os oficiais do governo confiscaram computadores da residência do usuário da rede social Federico Medina Ravell.

Ravell é primo de Alberto Federico Ravell, conhecido jornalista venezuelano de oposição e cofundador do canal Globovisión. O ato suscita a preocupação de que a "guerra de informação" venezuelana está crescendo enquanto o governo e opositores tentam preencher o vácuo deixado pelo presidente, que deveria tomar posse em 10 de janeiro, mas não é visto ou dá declarações desde que foi para Cuba realizar uma cirurgia de emergência no mês passado.

Federico Ravell, que não estava em casa durante a ação, é acusado de terrorismo por ser supostamente responsável pela conta @LucioQuincioC, que declarou que Chávez não voltará de Havana. A conta continua ativa e se diz uma colaboração entre 20 blogueiros de oito cidades, a maioria em outros continentes.

Um boletim oficial informou na semana passada que o presidente estava sofrendo de complicações causadas por uma infecção pulmonar após a cirurgia. Membros da oposição demandam informações mais detalhadas. Organizações de notícias internacionais e contas no Twitter já espalharam rumores de que Chávez estaria em coma, vivendo com a ajuda de aparelhos ou morto. Uma conta no Twitter com 80 mil seguidores convocou uma greve no dia 10 de janeiro, caso a posse do presidente não aconteça. Na quarta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela considerou legal o adiamento da posse do presidente reeleito.

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desmentiu tanto a especulação sobre a saúde de Chávez quanto o chamado aos protestos. "Se a oposição está chamando uma greve para o dia 10, nosso país responderá com trabalho, trabalho e mais trabalho”, disse durante visita em uma escola. Ele também disse às crianças que o presidente lhes mandou "um beijo e um abraço". Semana passada, ele disse que o porta-voz da oposição era responsável pela campanha de rumores no Twitter e no Facebook.

Analistas do canal estatal Telesur disseram que o governo está sofrendo um ataque de informações. "Isto é uma guerra de informação. Por toda a revolução bolivariana se viu esse tipo de ataque. Twitter e outras redes sociais são só extensões dessa guerra", disse a jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde. "Temos que confrontar esse poder nas redes sociais capaz de destruir a consciência da população com notícias mal-intencionadas", completou Piedad Córdoba, ativista colombiana e antiga aliada de Chávez.

Ambos os lados do conflito se acusaram de tentar desestabilizar o país por meio da informação. Estrangeiros foram acusados de fomentar uma guerra psicológica. Semana passada, o ministro da informação Ernesto Villegas disse que a mídia internacional foi responsável por espalhar rumores sobre a saúde de Chávez para destruir a revolução bolivariana.

Já o porta-voz da oposição disse que o governo deve liberar as informações sobre o presidente e arrumar um substituto caso ele não consiga estar presente na cerimônia de posse. "A verdade sobre a situação médica do presidente deve ser liberada por ser um assunto nacional” disse. "Boatos são frutos da falta de informação e é aí onde começa a instabilidade." Informações de Jonathan Watts e Virginia Lopez [The Guardian, 8/1/13].