Jornalistas de todo o mundo vêm sendo alvo das forças de segurança de Muammar Gaddafi enquanto cobrem os conflitos na Líbia, noticia Josh Halliday [The Guardian, 25/3/11]. Quatro profissionais de imprensa do New York Times foram entregues na embaixada da Turquia, em Trípoli, na semana passada, seis dias depois de terem sido sequestrados na cidade de Ajdabiya. O motorista que os acompanhava, o líbio Mohamed Shaglouf, continua desaparecido. O correspondente Anthony Shadid, chefe da sucursal em Beirute, o videorrepórter Stephen Farrell e os fotógrafos Tyler Hicks e Lynsey Addario disseram ter sido sexualmente atacados e ameaçados de decapitação por seus sequestradores. Eles só foram soltos após a intervenção de diplomatas da Turquia, país que vem ajudando repórteres com problemas na Líbia.
Os correspondentes da agência de notícias AFP Dave Clark e Roberto Schmidt também foram soltos na semana passada, depois de passar cinco dias em cativeiro junto com Joe Raedle, fotógrafo da agência Getty Images. Assim como os jornalistas do NYTimes, os três também trabalhavam em Ajdabiya quando foram capturados. ‘A Líbia nunca foi um país amistoso com jornalistas’, lembra Mohamed Abdel Dayem, coordenador do Comitê para a Proteção dos Jornalistas no Oriente Médio. Mas agora, diz ele, os ataques se tornaram diretos e mais intensos. ‘Isto se origina de uma necessidade autoritária de restringir o fluxo de informação e tem consequências muito mais severas para jornalistas trabalhando em zonas de conflito’.
Prisões, mortes
Se a situação não é fácil para os correspondentes ocidentais, é pior ainda para os repórteres da mídia árabe. Quatro jornalistas da rede de TV do Catar al-Jazira – Ahmed Vall Ould Addin, Lotfi al-Messaoudi, Kamel Atalua e Ammar al-Hamdan – permanecem detidos pelo Estado. Não está claro o motivo da detenção, apesar de a cobertura da emissora ser notavelmente simpática aos rebeldes líbios. O paradeiro de outros seis jornalistas líbios detidos logo após terem escrito sobre o conflito é incerto.
Há ainda o triste caso de Mohammed al-Nabbous, jovem de 28 anos que fundou, no início do conflito líbio, a emissora online Libya Alhurra TV. Nabbous passou a transmitir boletins informativos e a ajudar a mídia internacional com relatos sobre os ataques de forças leais ao ditador. Há pouco mais de uma semana, ao cobrir um tiroteio em Benghazi, o jornalista cidadão foi atingido e morreu no hospital.
Correspondentes na capital Trípoli reclamam de ter seus movimentos restringidos. ‘É impossível irmos a áreas não-autorizadas, o que nos deixa dependentes de agências e conteúdo gerado por cidadãos locais’, desabafou recentemente Jon Williams, editor de notícias internacionais da rede pública britânica BBC.