Há oito anos, a editora sueca Metro International ganhou direitos exclusivos para distribuir, nas estações de metrô da Filadélfia, o jornal gratuito que leva seu nome. A situação era privilegiada: títulos como New York Times, USA Today e Wall Street Journal, além dos dois maiores diários da cidade, não tinham permissão para venda ou distribuição nas plataformas.
Desde então, outros gratuitos surgiram, e junto com eles uma guerra pela atenção dos leitores. A estratégia de distribuição do Metro nos EUA, que foi sucesso no começo, pode estar com os dias contados. Ao contrário do boom de gratuitos experimentado na Europa nos últimos anos, os gratuitos americanos estão perdendo anunciantes e dinheiro. Por isso, se o Metro não conseguir um comprador, ou um grande financiamento, pode deixar o mercado americano.
‘Eles têm um grande problema e precisam de um investimento significativo e de uma gerência muito boa. E acho que eles não têm isto agora’, reflete Henry E. Scott, ex-publisher do Metro Nova York e diretor-administrativo da empresa de consultoria Gansevoort Media. É o que também pensa Henrik Schultz, diretor de análise de mídia do banco de investimentos islandês Kaupthing. ‘A performance do negócio nos EUA é claramente insustentável’, resume. A hipótese da venda dos jornais americanos passou a ser cogitada pelo presidente e CEO do Metro Internacional, Per Mikael Jensen, em setembro.
Três cidades
Embora já tenham sido feitos cortes de custos nos últimos meses, a operação americana deve terminar 2008 no prejuízo. Na Suécia, a situação também não é das melhores e os investidores estão perdendo a paciência. A Metro International existe há 13 anos e distribui diários gratuitos em 150 cidades em 23 países – incluindo o Brasil, na cidade de São Paulo. Nos EUA, depois da Filadélfia, em 2000, o Metro foi lançado em Boston, em 2001, e em Nova York, em 2004. Desde então, os jornais ficaram um bom tempo no vermelho e sofreram com a crise que atinge a indústria jornalística, perdendo, só no ano passado, US$ 12 milhões.
Das três cidades americanas em que o Metro é distribuído, Nova York é a que tem a melhor situação, com aumento de receita de 21% em 2007. Para Georg Tsaros, chefe de redação do Metro Nova York, é até possível que, este ano, seja registrado lucro. Tsaros acredita que ainda seja possível uma volta por cima. ‘Mantemos nossas portas abertas’, diz, acrescentando que há pelo menos 10 cidades americanas com potencial para a publicação do Metro. Informações de Heidi Dawley [Media Life, 30/10/08].