O grupo Tribune Co., proprietário do Chicago Tribune, do Los Angeles Times e de seis outros jornais diários americanos, saiu da falência quatro anos após sua compra, em uma operação financiada por dívida, pelo bilionário Sam Zell, que acabou levando-o à concordata. Numa declaração divulgada no dia 31/12, a empresa, com sede em Chicago, disse que a distribuição dos ativos aos credores já começou. Como parte do acordo para a saída da bancarrota, o Tribune Co. também fechou um empréstimo a prazo fixo de US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 2,25 bilhões) e uma linha de crédito de US$ 300 milhões (cerca de R$ 610 milhões).
Agora, segundo Lance Vitanza, diretor administrativo da CRT Capital Group LLC, a empresa fica em posição de começar a negociar uma venda abrangente de seus ativos, que incluem ações na Food Network, CareerBuilder Inc. e jornais, assim como propriedades imóveis. “Está à venda”, disse Vitanza. “Se eles se reorganizarem em torno de alguma coisa, serão os ativos da TV; mas não nos surpreenderíamos se também os vendessem.” Além de oito jornais diários, o grupo Tribune Co. possui 23 estações de televisão e ações em mais de 50 sites.
Peter Liguori, membro da diretoria do Tribune Co. e ex-presidente da Fox Broadcasting Co., deverá ocupar o cargo de diretor-presidente na próxima reunião da diretoria, quando Eddy Hartenstein, o atual diretor-presidente, deixará sua posição. Liguori, de 52 anos, que foi indicado para a diretoria do Yahoo! Inc. no início de 2012, é consultor do fundo de investimentos de risco Carlyle Group LP (CG) e anteriormente foi chefe do departamento de operações da Discovery Communications Ins (Disca).
O tombo na publicidade
O Tribune Co. entrou com o pedido de falência depois que Zell, um empreiteiro do setor imobiliário, orquestrou uma operação financiada por dívida de US$ 8,3 bilhões (quase R$ 17 bilhões) em 2007 pouco antes da recessão global e do tombo na publicidade dos impressos que devastou a indústria jornalística. A operação encheu o grupo Tribune Co. de dívidas e Zell não conseguiu mudar o rumo dos jornais. Levou a companhia à falência em dezembro de 2008, dando início a uma contenda litigiosa entre acionistas que detinham a dívida do grupo Tribune anterior à compra e os que fizeram o empréstimo e fundaram a mantenedora. Um acordo aprovado por um tribunal de justiça falimentar permitiu que os credores mais antigos tentassem recuperar parte de suas perdas entrando com processos contra acionistas e gerentes, inclusive Zell.
Em novembro, o grupo Tribune Co. conseguiu a aprovação pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) para transferir suas licenças de rádio e televisão para novos proprietários – inclusive o JPMorgan Chase & Co. (JPM), Oaktree Capital Management LP and Angelo, Gordon & Co. – o que seria o último obstáculo antes de sair da falência. O juiz Kevin Carey, da Corte Falimentar, aceitou a proposta do grupo Tribune de dividir a propriedade da empresa de jornais e televisão entre os que fizeram o empréstimo no mês de julho.
Novos donos
Ainda segundo Vitanza, a venda dos ativos é a maneira mais rápida de JPMorgan, Oaktree and Angelo, Gordon & Co. terem lucro com as ações que possuem. “Eles conseguirão o máximo valor fatiando a companhia em pequenos pedaços e vendendo-a pouco a pouco”, disse.
Fontes que acompanham a situação disseram, no início de dezembro, que os proprietários da empresa estão procurando um consultor para a possível venda de, pelo menos, alguns de seus jornais. Rupert Murdoch, presidente e diretor-geral da News Corporation, pretende examinar de perto os jornais do Tribune Co. tão logo isso seja possível, segundo uma pessoa próxima a ele. A diretoria do grupo Tribune – Bruce Karsh, Ken Liang, Peter Murphy, Ross Levinsohn, Craig A. Jacobson, Liguori e Hartenstein – se reunirá nas próximas semanas, segundo informou a companhia. Até então, Hartenstein continuará no cargo. Num comunicado, ele disse: “O grupo Tribune sai do processo de falência como uma empresa multimídia com uma grande variedade de ativos lucrativos, marcas fortes em mercados importantes e uma estrutura de capital muito melhorada.” Informações de Edmund Lee e Alex Sherman [Bloomberg, 31/12/12].
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