Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Hong Kong ganha jornal financiado por ‘crowdfunding’

O lançamento do Hong Kong Free Press, jornal online gratuito viabilizado com o dinheiro obtido por uma campanha de financiamento coletivo na internet, está marcado para junho. De acordo com os organizadores do projeto, um dos objetivos do site jornalístico em língua inglesa é ser uma voz independente entre os veículos de comunicação de Hong Kong.

A ideia do jornal online foi concebida antes dos protestos ocorridos em 2014 contra as restrições ao direito de voto nas eleições de 2017, impostas pelo governo chinês. Porém, foi após a chamada “Revolução dos Guarda-Chuvas” – quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar, o que fez com que as forças pró-governo aumentassem a censura e a autocensura crescesse entre os meios de comunicação – que o projeto realmente ganhou força.

Quando foi lançada a campanha de financiamento coletivo no site Fringe Backer, que se especializa em mídia e projetos de artes, o objetivo era conseguir arrecadar 150 mil dólares de Hong Kong (cerca de 60 mil reais) em um mês. A meta, no entanto, foi alcançada em apenas dois dias. Com uma equipe pequena, com 12 funcionários, o Hong Kong Free Press pretende funcionar com um pequeno custo e se concentrar em notícias locais.

Segunda fase

Tom Grundy - HKFP

Tom Grundy é um dos idealizadores do projeto

Agora, o projeto deu início a sua segunda fase de financiamento, onde cada 50 mil dólares de Hong Kong arrecadados (cerca de 20 mil reais) irão assegurar mais um mês de funcionamento da publicação. O objetivo dos criadores é conseguir que o jornal se mantenha sustentável através de financiamento coletivo, publicidade e eventos patrocinados. “Nós sabemos que nenhuma dessas ideias será suficiente sozinha, mas esperamos que, juntando todas elas, possamos existir por mais tempo”, diz o jornalista britânico Tom Grundy, um dos codiretores do projeto.

Por anos, a mídia local tem sido dominada apenas por um jornal, o South China Morning Post, e várias tentativas de quebrar esse monopólio acabaram fracassando devido às pressões financeiras. Publicações com linha editorial pró-democracia acabam sofrendo com a falta de recursos provenientes das vendas de anúncios, já que companhias que têm interesse em fazer negócios em território chinês são desencorajadas a comprar espaço publicitário nesses jornais.

O Hong Kong Free Press começará a operar em fase de testes a partir de junho, e, a partir do dia 1º de julho, quando se celebra o aniversário do retorno de Hong Kong para a China, passará a ser atualizado regularmente. Além do site, também serão lançados aplicativos para tablets e celulares.