Parte da imprensa venezuelana teme que a vitória de Hugo Chávez leve o presidente a agir com repressão em lugar de reconciliação. O fato de um jornal pertencente ao governo ter demitido seu editor aumenta ainda mais a preocupação com o que a imprensa terá de encarar pela frente.
A vitória de Chávez no plebiscito contribui para o seu fortalecimento perante a mídia nacional. Segundo Andrés Oppenheimer, do Miami Herald, Chavéz já tem sob o seu controle o Congresso, a Corte Suprema, as Forças Armadas e a Comissão Eleitoral que certificou a sua vitória. Muitos dizem que o presidente se mostra propenso a perseguir, intimidar e agredir a mídia privada. Para Oppenheimer, falta pouco para Chávez radicalizar com a imprensa, porque as pessoas que o conhecem bem acreditam que o presidente pretende se comportar de maneira exemplar somente por alguns dias.
O especialista em América Latina do International Institute for Strategic Studies-US (IISS-US), Marco Vicenzino, prevê que o presidente irá partir contra a imprensa, especialmente contra as emissoras de televisão, com leis ainda mais severas do que as que vigoravam antes do plebiscito. Vicenzino também acredita que a imprensa venezuelana enfrentará violência de um grupo de vigilantes moldados no Comitê para Defesa da Revolução de Cuba.
Um evento anterior ao plebiscito mostrou a intenção de regular a mídia. Foi quando oficiais da Comissão de Comunicações do governo entraram em quatro emissoras de TV privadas alegando inspeções técnicas de rotina. Segundo a IAPA, no passado essas inspeções serviam para confiscar equipamentos e para impedir transmissões de programas. As informações são de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 24/8/04].